A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ainda em memória de Miguel Torga...

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DA MEMÓRIA…JOSÉ LANÇA-COELHO

UM EPISÓDIO DESCONHECIDO DA BIOGRAFIA DE MIGUEL TORGA

Andei a remexer nuns velhos papéis que me enchem as gavetas da secretária, e dei com esta página de ‘Diário’, ainda manuscrita num lápis cinzento deslavado, que transcrevo em letra de forma:

Mem Martins, 2 de Dezembro de 1999 – Mais um dia de peregrinação pelas escolas a favor da divulgação literária. Mem Martins, Primária nº1, foi o estabelecimento de ensino que me acolheu, para a habitual palestra sobre os meus modestos livros, que finaliza sempre com uma sessão de questões, onde os meus leitores me perguntam «tudo e mais alguma coisa». Nesta última parte, mesmo que não seja questionado sobre esse tema, falo sempre dos meus escritores preferidos, e, claro, é impossível não referenciar Miguel Torga. Acabo de dizer quanto gosto deste transmontano, como artesão da escrita e como verdadeiro representante do que deveria ser a espécie humana, sobretudo, no que respeita à solidariedade e à luta contra todas as formas de opressão e intolerância, quando sou inesperadamente interrompido pela voz da directora da escola, que assiste à palestra com a turma a que dá aulas.

- Só a mim é que ele havia de dar um estalo!

Se esta exclamação me surpreende, por outro lado, deixa-me adivinhar, fascinado!, um episódio desconhecido da vida de um dos escritores que considero meu Mestre. Que terá acontecido entre Torga e esta minha colega de profissão? As únicas palavras que me ocorrem são:

- Quem me dera ter levado esse estalo! Pelo menos, era sinal que o tinha conhecido pessoalmente, como tanto gostava…

A professora explica-me então, a sua afirmação, começando por concordar com a coerência e justeza intelectual do escritor, porém, a sua exclamação reporta-se ao médico Adolfo Correia da Rocha que o pseudónimo Miguel Torga comporta.

Conta que é de S. Martinho de Anta, - essa terra mítica que é uma das grandes capitais do Mapa da Literatura Universal -, que aos doze anos teve de ser operada às amígdalas, no hospital de Vila Real, que quando sentiu o efeito da anestesia lhe pareceu sufocar, começando a espernear freneticamente.

As suas pernas de criança aflita foram bater no cirurgião, que, caindo para trás, se estatelou contra a mesa onde estavam os instrumentos necessários à operação. Vendo a atrapalhação da miúda, o médico que, como já se percebeu, era o meu mestre Torga envergando a imaculada bata da profissão, assim que se levantou, foi junto da paciente e, com o tal estalo bem dado, ajudou-a a receber o resto da anestesia que lhe faltava, adormecendo-a em definitivo para a necessária intervenção cirúrgica.

Aqui está, pois, um incidente, que não me lembro de Torga referir num dos meus dezasseis livros de cabeceira, que correspondem a outros tantos volumes do seu Diário. Uma das muitas coisas que me fascina na espécie humana são estes pequenos episódios do quotidiano, a que os grandes vultos da Humanidade não dão valor, talvez até por fazerem parte do seu dia-a-dia, mas que nós, ‘os mais comuns dos mortais’, andamos sempre a farejar, não só pelo pitoresco que encerram, como também porque essas situações nos dão uma perspectiva desconhecida da pessoa a quem se referem, e a aproximam mais da nossa realidade e natureza humanas.