A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sábado, 26 de setembro de 2009

Euclides da Cunha por Gilberto Freyre



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O caipira desfibrado, sem o desempenho dos titãs bronzeados que lhe formam a linhagem obscura e heróica ... uma ruína maior por cima daquela ruinaria da terra.
Só o registro da decadência do caboclo das fazendas: simples comparsa de um drama que teve por personagens decisivos os senhores brancos e os escravos de cor. Por onde se confirma - um exemplo dentre vários - que foi constante, em Euclides, o afã de idealizar e romantizar o indígena; o ameríndio; o caboclo - isto é, o brasileiro mais próximo do escritor; mais seu irmão; mais do seu sangue e mais da sua terra. Do mesmo modo que foi constante nele o critério de caracterizar paisagens, reduzindo-as não só a expressões de "resistência de materiais" - um critério de engenheiro - como a manifestações de violência do homem contra a natureza: um critério de ecologista. Ecologista, engenheiro e caboclo repita-se que são presenças constantes no escritor Euclides da Cunha: nos seus temas; nas suas visões de terras e de populações brasileiras; no seu estilo. No seu famoso estilo cuja originalidade parece decorrer, em grande parte, da fusão desses três homens num só escritor: fusão que pela primeira vez aconteceu nas letras brasileiras realizada pelo autor d'Os Sertões.
(...)
Por outro lado Euclides foi dos grandes escritores brasileiros um dos que mais deixaram à mocidade do seu país o exemplo, de que ser um escritor homem de estudo metódico e homem de trabalho sistemático não significa escassear-lhe o talento ou faltar-lhe o gênio. Neste particular ele pertenceu ao número dos Rui Barbosa, dos Joaquim Nabuco, dos Machados de Assis. Em vez de ter valorizado a tradição do escritor boêmio e improvisador, valorizou a outra: a do escritor, homem de estudo. A do escritor, homem de trabalho. Com o que prestou um serviço imenso à cultura nacional, vítima, ainda hoje, do mito que associa ao escritor de gênio as boêmias de café ou as bebedeiras nas cervejarias.
Euclides - recordou uma vez do autor d'Os Sertões, o cronista João Luso, que o conhecia de perto - "escrevia com grande lentidão". Não só com "grande lentidão": também à base de conhecimento objetivo e de estudo honesto do tema que versasse. Era antes scholar que diletante: ele próprio comparou-se uma vez - informa João Luso - ... com certos pássaros que para despedir o vôo precisam de trepar primeiro a um arbusto. Abandonados no solo raso e nu, de nada lhes servem as asas; e tem que ir por aí afora à procura do seu arbusto.
O seu arbusto, dizia Euclides que era "o Fato".
(...)

FREYRE, Gilberto: Euclides da Cunha, revelador da realidade brasileira, prefácio a CUNHA, Euclides da, Obra completa, Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1966.

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