Ontem, dia 24 de Julho, aconteceu na Universidade Lusófona uma conferência aberta a organizações, estudantes, personalidades guineenses e amigos da Guiné-Bissau sobre a segunda volta das presidenciais marcadas para o próximo dia 26.
Esta conferência, organizada pela Associação de Estudantes Guineenses, contou com a participação do Doutor José Kanas – representante do Partido de Renovação Social (PRS) em Portugal, apoiantes do candidato Kumba Ialá, e o Doutor Alexandre Silva – representante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) em Portugal, apoiantes do candidato Malam Bacai Sanhá.
A mesa, era ainda constituída pelos Doutor Carlos José Mendonça (presidente da mesa), Professor Doutor Tcherno Djaló (Docente da ULHT de Lisboa) e o Professor Doutor Álvaro Nóbrega (Docente do ISCSP-UTL).
A conferência pouco trouxe de novo; os representantes de cada partido, depois de breves explicações sobre o estado geral na Guiné-Bissau, limitaram-se aos habituais ataques e acusações à boa moda dos nossos estimados representantes partidários. Ainda assim, ficámos a saber pela voz do Doutor José Kanas (PRS), que as eleições se realizam devido à pressão internacional e que existe na Guiné-Bissau uma cultura de assassinatos, enquanto o Doutor Alexandre Silva (PAIGC) nos trouxe uma grande novidade ao dizer que, a vitória da oposição tornará inviável a coabitação, visto que, eles (o PRS) irão demitir o Primeiro Ministro, e assim, resta; dar um pontapé no formigueiro ou continuar na instabilidade. Afirmação que mais tarde o Doutor José Kanas (PRS) viria a desmentir assegurando que isso não aconteceria e que Kumba Ialá já o tinha garantido.
Se os representantes partidários, praticamente nada trouxeram de novo, o mesmo não se pode dizer da assistência, constituída por um leque diversificado e diferenciado de personalidades guineenses e amigos da Guiné-Bissau onde se contavam também a Isabel Mendes Ferreira da NA, o Renato Epifãnio, o Eurico Ribeiro e eu do MIL.
A tónica geral no debate que se seguiu e que teve uma extraordinária participação, foi a de que, a Guiné-Bissau bateu no fundo e os motivos são vários e enunciados: problema de mentalidade de toda a sociedade guineense, interesses político-partidários que fazem a Guiné-Bissau recuar para o tribalismo, a falta de paz, a instabilidade, a inexistência de direitos humanos, as divergências étnicas, a ideologia e pensamento do partido único, a lógica de eliminação existente nas Forças Armadas e que faz desta o pior inimigo da Guiné-Bissau, devido em parte à inexistência de um Regulamento Militar porque ninguém está interessado em fazer a reforma das Forças Armadas, coisa de que só se fala quando algum alto responsável é morto para logo se esquecer.
Por fim e da boca de uma médica cooperante que denunciou muitas e graves falhas na assistência à população, ouvimos a seguinte metáfora: É possível militarizar um civil, mas impossível civilizar um militar.
Esta foi a tónica do interessante debate que se seguiu, e de onde partiram insistentes apelos à paz e à aceitação dos resultados pela força partidária que vier a ser derrotada nestas eleições.
De notar que, esta era uma assistência diferenciada, logo, sendo-o também, é no entanto muito diferente da esmagadora maioria do povo votante.
Nota final: aproveitámos a conferência para dar a conhecer o comunicado do MIL, referente à nossa petição em prol da construção de um Estado de Direito Democrático na Guiné-Bissau.
2 comentários:
.de como o sonho tem de ser "utilizado" para abater a crua realidade.
. que seja eleito o mais reiterado sonhador.
.
obrigada PiresF.
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Nada a acrescentar...
Abraço MIL
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