O MUNDO DE SÓCRATES. Falam assim Pacheco Pereira, António Barreto, Mário Crespo, Medina Carreira, e bastantes mais com credibilidade no que resta deste País.
Para que não nos envergonhemos perante os nossos filhos e netos, temos de fazer muito para virar esta situação (por Clara Ferreira Alves)
Para quem ainda não leu, é desejável que o faça e mais desejável seria se servisse para que algum de nós, incluindo quem escreveu, tivesse a coragem de começar a "partir a loiça" toda.
Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo,
> dizendo ter formação, que nunca adquiriram, que usem dinheiros públicos
> (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público
> acrítico, burro e embrutecido.
>
> Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril
> distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos
> seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de
> gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a
> "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos
> roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais
> honesta que estes bandalhos.
>
> Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO
> PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos
> políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas
> senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os
> ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai
> continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura)
> desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação
> das Novas Oportunidades.
>
> Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio
> dos mafiosos.
>
> A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
>
> Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito
> maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com
> isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do
> encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e
> pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por
> uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final,
> assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo
> do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
>
> Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada
> acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo
> e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
>
> Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi
> crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa
> Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o
> que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes
> houve.
>
> Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de
> enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a
> verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma
> coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes
> são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
>
> E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado
> de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores
> e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de
> notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a
> saber com toda a naturalidade.
>
> Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao
> primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da
> Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa e Benfica, da
> corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a
> Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas
> tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem
> acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados,
> muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente
> punidos?
>
> Vale e Azevedo pagou por todos?
>
> Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor
> Beleza com o vírus da sida?
>
> Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num
> parque aquático?
>
> Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes
> imputados ao padre Frederico?
>
> Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre
> Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
>
> Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi
> roubada do Instituto de Medicina Legal?
>
> Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e
> enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
>
> No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém
> acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
>
> As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da
> criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia
> espalha rumores e indícios que não têm substância.
>
> E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças
> desaparecida antes delas, quem as procurou?
>
> E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns
> menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu?
>
> Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
>
> E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela
> reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários,
> políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
>
> E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do
> grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
>
> O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por
> causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
>
> E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado
> doentes por negligência? Exerce medicina?
>
> E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho
> branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda,
> coxa e marreca.
>
> Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são
> arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
>
> Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
>
> Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as
> redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de
> crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre
> meninas ficaram sempre na sombra.
>
> Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças , de
> protecções e lavagens , de corporações e famílias , de eminências e
> reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
>
> Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
>
> Clara Ferreira Alves - "Expresso"
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
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3 comentários:
Demolidor, de facto. Mas como demolir um pântano?...
Com vontade, unidade, positivismo...
Este pântano tem diques que o suportam. A eles, não ao pântano - é por aí.
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