A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Day after. Dei.

Para mim, que raramente voto e não tenciono mudar, nada há mais irritante em tempo de eleições e escolhas do que o vozear, no day after, dos predadores da abstenção. “Somos nós a maioria”, diz-me o nazizito da esquina; “Somos nós”, clama o anarquista anafado; “Nós”, reclama o honestinho de sofá (falta de paciência, os honestinhos de sofá); “Ihihi”, regougam os fanáticos de todas as crenças, os cínicos de todas as descrenças, os predadores de toda a ocasião. Discípulos cábulas da serpente do Génesis, sabeis definitivamente onde pára o bem e onde mora o mal. E adorais vir agora com falinhas mansas, “nós, o Povo, somos tantos”. Que sorte.

Para mim, que raramente voto e detesto que me digam que votar é o “dever cívico”, a “conquista” ou “a oportunidade de mostrar cartão amarelo” (falta de paciência, o amarelo), nada há mais irritante do que os cavalgam com presteza os cavalos coxos de coisa nenhuma. “São meus os votos brancos”, diz um; “Meus, os nulos”, afirma outro; “Minha, a maioria. Estes patifes”, concordam todos. Sebastiões de papelão, Restelos sem aspecto venerando, Maquiavelhotes de vão de escada: fora!

Quem sois vós para falar por mim?

Sois quem, para negar legitimidade àqueles que foram a votos e foram votados? Muito bem, vamos a isso: poucos foram a Aljubarrota. Poucos foram a Alcácer-Quibir. Não tínheis armas, mapa de estrada, estandarte, coração? Não era ninguém o vosso Rei, não era essa a vossa batalha? Que sorte. Calai-vos agora então, já que calados ficastes.

“O Povo”, dizeis, “Ah, o Povo que eu sei maioritariamente quis”. Quis? Terá querido? Sabeis? O Povo rejeitou, rejubilais. O Povo não foi em conversas. Claro. Vamos a isso, e vamos até ao fundo das coisas, até ao fim. O Povo rejeitou, claramente, o pavoroso Acordo Ortográfico (Quê? Não era isso o que se discutia?); o Povo rejeitou, por maioria de dois terços, a abolição da pena de morte, o princípio do habeas corpus, a noção de dignidade dos homens (Não ouço, falem mais alto: não era isso, dizeis vós?); o Povo exige afinal o regresso de Dom Miguel, a não ser que seja o regresso de El-Rei Junot (ah, afinal era só a Europa?) O Povo lamenta que Átila-Flagelo-de-Deus tenha sido derrotado nos Campos Cataláunicos; que os Aliados tenham desembarcado no nevoeiro normando; que o Pitecantropo não tenha já como mostrar o que vale. Tanta coisa esse Povo fez e disse e ameaçou e denunciou e significou – nada fazendo. Com uma maioria tão grande, só faltam mesmo os chefezinhos de papelão. Nenhum de vós se absterá então, claro. Burguesinhos dormidos, voltai a dormir: na hora do poder vos despertarei. Claro.

Nos idos de 1840, pouco mais de dez anos depois da magnífica vitória do exército dito “Liberal”, os jornais lançaram a frase definitiva sobre a classe política que iniciou a longa marcha até ao regime que temos: a propósito de um chefe derrotado que se queixava de que no seu Governo tinha sido bem mais honesto do que os que lhe iam agora suceder, clamaram os jornais a uma só voz: “Se não pilhou, pilhasse”.

E é isso. Se não votou, votasse. Se nenhum candidato lhe agrada, apresentasse-se a votos. Se não se revê em nenhum partido (mas não é o Mar o único espelho, espelho que espelha o Céu? Todos os outros são Narcisos), tivesse feito um. Se não gosta de partidos, tivesse feito a Revolução, ou a Contra-Revolução, ou a Guerra, ou a Paz. Tivesse ido embora, tivesse expulsado todos. Qualquer coisa, até a derrota que é digna da vitória maior. Até o silêncio, até o silêncio dos homens livres. Mas sabem? Principalmente a derrota.

6 comentários:

Renato Epifânio disse...

Apreciei a análise, mas farei a minha própria de seguida. Um pouco menos desencantada...

João de Castro Nunes disse...

DESABAFO

Senhor! o meu país está doente,
não sei de quê, mas é moléstia séria,
cancro talves ou coisa mais pungente,
lepra moral, um nojo, uma miséria!

Por tua Mãe, a quem se consagrou,
acode-lhe, Senhor! enquanto podes:
já tanto se aviltou e degradou
que pode sucumbir se não lhe acodes!

A causa deste estado é porventura
este arremedo de democracia,
esta sua infeliz caricatura!


Se o meu país não volta a ter decência
e a ser de novo uma nação sadia,
talvez se nos acabe a paciência!...

JOÃO DE CASTRO NUNES

Ariana Lusitana disse...

Depois leio melhor, já fiquei estafada.=)

E o senhor João não lhe chega a parte de fora do blogue? Tem que entender que para quem não liga muito a poesia fica chato.

João de Castro Nunes disse...

"Estafa-se" com pouco!

João de Castro Nunes disse...

Há quem prefira a broa ao pão-de-loó. "Gente fina é outra coisa"!
Nunca ouviu dizer?... Consulte um "dicionário de rimas" e talvez consiga escrever um poema... ao meu jeito. Nunca é tarde para tentar. Se me superar... não levo a mal. Até me congratulo. Prometo ler... sem me "aborrecer".

João de Castro Nunes disse...

Vossemecê, senhora Ariana, não tem dentes para a minha Poesia!