A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 5 de maio de 2009

Um Tríptico Europeu: II. Alma

Zweig escreve as suas memórias no Brasil. Diz-nos que está num quarto de hotel, sem um único livro, sem uma carta de amigos. Tem apenas a sua memória, e a memória do homem livre e sem pátria evoca não a nação, mas o Império. E não o abismo, mas o Império. Sobre o passo que dá a seguir, qual de nós quererá falar a primeira pedra, a primeira onda do mar?

Em nenhuma outra cidade da Europa foi tão ardente a paixão pela cultura como em Viena. O facto justifica-se porque, não tendo tido a monarquia austríaca, durante os últimos séculos, ambições de carácter político, e não tendo tido também muito sucesso nas suas acções militares, o sentimento nacional fora mais decididamente compelido para o desejo de adquirir supremacia na arte. Do antigo império dos Habsburgos, que outrora dominara a Europa, já há muito se haviam separado importantes e valiosas províncias; mas a capital permanecera com o antigo esplendor, continuava a ser o coração da corte, a depositária de uma tradição milenária. Foram os romanos que assentaram as primeiras pedras dessa cidade, que consideravam como um “castrum”, posto avançado destinado a proteger a civilização latina das incursões dos bárbaros. Foi contra essa muralha que, mais de mil anos depois, se aniquilou o ataque dos Turcos contra o Ocidente (…) para ela convergiram todas as correntes da cultura europeia; o que era alemão estava na Corte, na nobreza e no povo, intimamente ligado ao que era eslavo, húngaro, espanhol, italiano, francês e flamengo, e o incomparável mérito dessa grande cidade foi o de ter sabido fundir harmoniosamente todas essas múltiplas tonalidades num novo e característico estilo essencialmente seu: no austríaco, no vianense.
Extremamente acolhedora e com um especial sentido de assimilação, essa cidade soube atrair a si as forças mais díspares, ordenando-as, aperfeiçoando-as ou atenuando as suas dissonâncias. Era bem agradável viver aí nessa atmosfera de conciliação, onde os habitantes eram educados num ambiente de cosmopolitismo que verdadeiramente os tornava cidadãos do mundo.
Esse sentido de harmonia, de transições lentas e suaves, era já mesmo visível na própria fisionomia da cidade (…) Quase não se notava onde começava a cidade e onde surgia a natureza; as duas confundiam-se intimamente sem bruscas transições. (…)
Cada um dos velhos palácios da corte e da nobreza era uma página de imperecível história gravada na pedra: aqui era a casa dos Lichnowsky, onde Beethoven havia tocado; além era a dos Esterhazy, de quem Haydn fora hóspede, e acolá, na velha Universidade, fora ouvida pela primeira vez a Criação de Haydn; depois era o Palácio Imperial, por onde tinham passado gerações de imperadores, e Schönbrunn, que vira Napoleão. Fora ainda ali, na Catedral de Santo Estêvão, que se haviam ajoelhado os príncipes da Cristandade, rendendo graças a Deus por ter salvo a Europa do perigo otomano (…) Viena, toda a gente o sabe, era uma cidade de prazer. Mas não é o fim da cultura, precisamente, o de, pela arte e pelo amor, nos fazer apreciar tudo quanto a vida pode conter de subtil, de delicado e fino?


Interrompo novamente, sim. A pátria que não sabe do império é como o corpo que não sabe da alma.

2 comentários:

Ana Margarida Esteves disse...

Como pode um pais que albergou tanta cultura e cosmopolitismo dar a luz um monstro como Adolf Hitler?

Talvez para compreender bem o que foi o Imperio Austro-Hungaro e a Austria que se lhe seguiu se tenha de ir alem de Stefan Zweig e mergulhar em Thomas Bernhard, o romancista da mediocridade provinciana e pequeno-burguesa da Austria rural, que nunca teve muito a ver com a Viena dos Habsburgos ou de Karl Kraus.

Casimiro Ceivães disse...

Maus e bons há em todo o lado, e os ratos prosperam nas ruínas.