A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Humanidade é Humildade

«Ouço-os de todo o lado.
Eu é que sou assim,
Eu é que sou assado,
Eu é que sou o anjo revoltado,
Eu é que não tenho santidade...

Quando, afinal, ninguém
Põe nos ombros a capa da humildade,
E vem.»
Miguel Torga, Diário I

Humano - aceitação das fraquezas, amor ao próximo
Húmido - que tem a natureza da água
Humilde (de humus, filhos da terra) - virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza

«A musa da indignação arrasta Camões pelos cabelos, e, vendo o mundo inteiro perdido, apela para a sua pátria, pedindo-lhe o esforço heróico da redenção de Cristo:

Vós, Portugueses, poucos quanto fortes,
Que o fraco poder vosso não pesais;
Vós, que, à custa de vossas várias mortes,
A lei da vida Eterna dilatais:
Assim do Céu deitadas são as sortes,
Que vós, por muito poucos que sejais,
Muito façais na santa Cristandade,
Que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade
!

À geração dos lusos «que tão pequena parte sois no mundo», é a ela que cumpre remir o Santo Sepulcro e terminar a epopeia das Cruzadas, enjeitada pelo «Galo indigno» [Francisco I] e esquecida pela Itália: a ela e por isso mesmo que se mostrou capaz do maior feito da época - a descoberta da Índia, que grande golpe de montante descarregado em cheio na força da Turquia.
Eis aí o pensamento político dos Lusíadas, expresso claramente nos mesmos termos da boca do velho do Restelo. O pensamento religioso é o catecismo de Trento. A ideia de governo é o imperialismo, em cujo berço nascera o sol da Renascença e em cujo regaço poluído ele se afundava agora. O império fazia-se tirania; o racionalismo piedoso transformava-se em lamismo papista. Assim as ideias se corrompem em contacto com a realidade.
O imperialismo camoneano é, porém, tão lídimo ainda como a sua religião. Se nas turbas não vê mais do que «o soberbo povo duro», isto é, um elemento ou um material para a construção artística do Estado; se a vontade dos reis, que são a chave da abóbada social, há-de ser absoluta, nem «pode ser por outrem derrogada»; se eles são supremos senhores dos seus súbditos; se os vassalos são membros de um corpo de que o rei é cabeça: a verdade, porém, é que tudo isso pressupõe no rei qualidades eminentes.
É que ao poeta diz a história pátria, porque em Portugal

o Reino, de altivo e costumado
A senhores em tudo soberanos,
A Rei não obedece nem consente
Que não for mais que todos excelente
.


Monarquia e religião, pois, tudo se depura no cadinho da poesia à chama intensa de Camões, em que a luz do heroísmo nacional vem reflectir-se, fundindo-se como numa lente, despede o raio e incendeia Portugal na ambição última da sua existência. Felizes são os povos que morrem como o sol, despedindo clarões!»
Oliveira Martins, Camões

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