"S.J.: Em resumo, a música confronta-nos com este paradoxo: a eternidade entrevista no tempo.
C.: É com efeito o absoluto captado no tempo, mas incapaz de aí permanecer, um contacto simultaneamente supremo e fugitivo. Para que permanecesse, seria necessária uma emoção musical ininterrupta. A fragilidade do êxtase místico é idêntica. Nos dois casos o mesmo sentimento de incompletude, acompanhado por uma mágoa dilacerante, por uma nostalgia sem limites.
S.J.: Esta nostalgia é precisamente o fundamento da vossa visão do mundo. Como a definiríeis?
C.: Este sentimento liga-se em parte às minhas origens romenas. Ele impregna ali toda a poesia popular. É uma dilaceração indefinível que se diz em romeno dor, próxima da Sehnsucht dos Alemães, mas sobretudo da Saudade dos Portugueses”
- Cioran, Entretien avec Sylvie Jaudeau, Entretiens, Paris, Gallimard, 1999, p.230.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)
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sábado, 30 de maio de 2009
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5 comentários:
COM DEUS PELA HARMONIA
(Poema de espírito sufi)
Quando ouço os violinos ouço Deus
falando-me aos sentidos, pelos quais
a mente elevo aos aposentos seus
no centro dos espaços siderais.
Nos seus acordes plenos de harmonia,
sentimentais, românticos, vibrantes,
subo até Deus, em cuja companhia
eu passo a residir por uns instantes.
Falam por mim com Ele os violinos
na sua linguagem musical,
apátrida, sem raça, universal.
Ainda que pareçam desatinos,
ouvindo os instrumentos a tocar
com Deus no céu me encontro, par a par!
JOÃO DE CASTRO NUNES
STRADIVÁRIUS
Sem termos empregar extraordinários,
em linguagem simples e banal,
eu tenho em mente o som dos stradivárius
de inconfundível toque musical.
Quando componho as minhas poesias
de tom, de forma e conteúdo exactas,
é como se escrevesse sinfonias
ou textos destinados a sonatas.
Conforme o tema, assim também varia
o respectivo ritmo, reservando
para o amor a máxima harmonia.
De todos os poemas que escrevi
foi nesses que, compostos para ti,
me fui de verso em verso superando!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Entre nós também Fidelino de Figueiredo sustentou que só pela música se toca o absoluto...
A par da "dor" romena e da "Sehnsucht" alemã, a palavra semanticamente mais próxima da portuguesa "saudade" é a latina "desiderium", usada por Marco Túlio Cícero na sua correspondência epistolar.
JCN
AQUELE VIOLINO
Na solidão da noite quando chega
com pés de seda vagarosamente
e todo o meu espírito se entrega
ao seu macio e mórbido ambiente,
ponho-me a ouvir o som dos violinos
das grandes sinfonias siderais,
autênticos, de marca, genuínos,
regidos por mestros virtuais.
Entre eles tenho a estranha sensação
de existir um, à guisa de excepção,
que toca expressamente para mim.
Acabo sempre por reconhecer
qual é a estrela que tocando assim
me quer na sua música envolver!
JOÃO DE CASTRO NUNES
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