A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 28 de fevereiro de 2009

"VIDAS DE HOMENS CÉLEBRES" (XIV)

XIV - WILLIAM PENN

William Penn (1644-1718) foi um dos grandes inspiradores da Constituição dos Estados Unidos da América, pelos princípios que implementou no Estado da Pensilvânia.
Na sua Biografia, Agostinho da Silva salienta sobretudo o seu sentido de missão, dir-se-ia mesmo divina: “ganhara a con­vicção de que Deus nunca realizava directamente nenhum dos traba­lhos do mundo; fazia-o sempre por intermédio de homens, escolhendo cada um para a tarefa que lhe competia, mas sem uma cega escraviza­ção que fizesse do homem um simples instrumento das intenções divi­nas; era como se Deus, ao mesmo tempo no que é liberdade plena e no que é actividade dirigida a um fim, estivesse no íntimo de cada alma e lhe pusesse um objectivo e lhe fornecesse as circunstâncias, mas sem a obrigar a nenhum curso inevitável; quem quisesse podia recusar a tare­fa e Deus escolheria outro homem para a realizar; mas Deus então podia enganar-se e escolher mal o executor da sua vontade? Tudo era bem difícil e bem confuso; só uma coisa havia de seguro: o mundo não marcha ao acaso, há um plano no universo; o plano, realizam-no os homens, ponto por ponto, avançando sempre, no meio de todos os desânimos; e parecia-lhe ainda que a força invencível da vontade humana total­mente aplicada a um objectivo não podia vir de modo algum do pró­prio homem; além de tudo, como se explicaria o acordo das vontades individuais? Quem sabe se, ao contrário do que se ensinava nas igre­jas, Deus não está dentro de nós e não deve ser todo o nosso trabalho preparatório de qualquer tarefa, o de chegar ao encontro desse Deus, o de sentir na nossa consciência, em toda a sua pureza, os mandamentos do Senhor? Com esta ideia, nenhuma igreja era precisa, porque dei­xaria de haver intermediários entre Deus e o homem; ou antes, só pode­ria haver uma igreja que fosse a congregação dos homens que pensavam do mesmo modo, num plano de absoluta igualdade, e se juntassem para se comunicarem as suas experiências, para sentirem a força comum e trabalharem segundo um plano que a todos tivesse parecido ser o melhor.”.Para a concretização dessa “missão”, todos poderiam dar o seu contributo, mesmo os mais “simples”: “tudo o Senhor ia utilizar, quando chegasse a ocasião própria, na tarefa que nenhum outro homem poderia realizar tão bem como ele. Certamente que os mais simples tinham menos con­flitos e que as tendências contraditórias despedaçam a alma enquanto, pela consciência da missão, se não vêm como de acordo e como indispensáveis para o trabalho que há a realizar; mas podia chegar a ser o mais simples de todos os simples quando viesse o dia da plena tarefa, porque então até se esqueceria da sua existência e seria no mundo uma inteira revelação de Deus, tal como o compreendia agora: um nada, uma existência indefinida, mas ao mesmo tempo uma possibilidade de tudo; aquilo a que chamava agora as suas qualidades e os seus defeitos, tra­balharia no mundo pela obra de Deus e seriam apenas como que ferra­mentas nas mãos do melhor dos operários; ele era um instrumento de desígnios superiores e fora formado exactamente como era preciso que fosse; a batalha consigo só estava atrasando o momento essencial para que todo o mundo pudesse avançar um pouco mais.”. Foi, sobretudo, com esse sentido de “missão” que William Penn fundou o Estado da Pensilvânia (ex-colónia inglesa), o mesmo sentido de “missão” que, na sua perspectiva, se deveria estender a toda a América: “compe­tia à América ir mais além, dar a verdadeira fórmula de uma cultura europeia; tudo o que pudesse fazer agora incitando ao aparecimento de emigrantes só poderia auxiliar o futuro, ajudar na construção de uma América livre e forte, que por sua vez se unisse ao resto do mundo e trabalhasse por estabelecer, para todos os homens, uma vida de amor, de inteligência e de perpétua paz”.