Para reflexão lusófona
O conceito lusófono deve ser alvo de permanente revisão. A colocação de um conceito em discussão permite que este seja enriquecido, reestruturado, reconstruído. A perpetuação de um significado não o preserva apenas historicamente como o empurra para a estante de uma ideia do passado, não o coloca sob o microscópio da análise intelectual nem lhe confere sensibilidade de actualização. «Lusofonia» é um conceito tão histórico quanto a Diáspora nacional, tão passível de reformulação quanto é imperativo que o seja.
A Cultura Portuguesa não é feita apenas de brandos costumes, não reside naquele lugar histórico que os saudosistas salazaristas pretendem cristalizar nem é uma ideia estática. A dinâmica natural da cultura ficou marcada desde cedo, no diálogo cultural vivido na Lisboa capital de Império, na Lisboa que recebia mercadores de todos os cantos, na Lisboa habitada por mouros e africanos.
A Cultura Portuguesa é então dinâmica, é feita do contacto entre povos, é negociada nas trocas humanas pluriculturais, é reformulada, reconstruída, reelaborada, não em laboratórios de uma sociologia identitária mas no vivido quotidiano. A Lusofonia, a par da Cultura Portuguesa, é filha do multiculturalismo, dos quatro cantos do mundo, da viagem histórica nacional às índias, às Américas, a África. Dessa viagem histórica nasceram múltiplas novas identidades. A identidade nacional, por arrastamento, alterou-se. Positivamente. Entendamo-la assim, sem rodeios, sem preconceitos, sem xenofobias.
Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira
3 comentários:
Mas é assim que é, queiram ou não.
Essa criação é involuntária, instintiva no bom sentido.
A raiz genética é que faz a diferença e essa já foi lançada há muito tempo.
Cabe talvez aparar arestas e cismas passadas.
União é fundamental.
Aparar essas "arestas" é fundamental. Mas foi também para isso que este projecto nasceu...
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