A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Não sobre o menino Jesus...






















para o Casimiro e o Eurico

1. Estive a ler, há uns tempos, um livro do Irving Kristol, “Neoconservadorismo”. A tese é, no essencial, esta: as sociedades do mundo ocidental estão-se a desagregar rapidamente pela falência, cada vez mais abrupta, dos códigos morais que, durante séculos, as sustentaram (o valor da honra, do trabalho, da honestidade, da responsabilidade pessoal, etc.). Não concordando com muitas outras coisas que li nesse livro, concordo, no essencial, com esse diagnóstico.

2. Face a isso, vem a pergunta “leninista”: que fazer?

3. Não sendo possível (nem sequer, a meu ver, desejável) o regresso às sociedades de outrora, importa, contudo, fazer algo. De outro modo, as sociedades desagregar-se-ão ainda mais, até ao ponto (onde, em grande medida, já estamos) em que não se poderão considerar “sociedades”, tal a tua desagregação/ atomização.

4. Não tenho receitas mágicas nem universais. Penso mesmo que em todas as sociedades deve haver margem para a “rebeldia”, ou seja, para se viver livremente à “margem da sociedade”. Nessa medida, concordo com o Casimiro quando nos diz que a sociedade não deve ser encarada como uma “organização”, em que todos estejam obrigados a cumprir os mesmos objectivos (à parte: se nem aqui, no MIL, isso assim é…).

5. Penso, contudo, que qualquer sociedade só subsiste se encontrar em si valores/ vínculos minimamente comuns. Por isso tenho aqui fomentado os valores da Língua, da Cultura, da Pátria…

6. De outro modo, sem quaisquer valores/ vínculos minimamente comuns, a Lei não chega. A Lei serve para regular divórcios, não para sustentar uniões…

7 comentários:

Casimiro Ceivães disse...

Com isso passamos aos temas da segunda parte do texto do Eurico. A proposta de 'recuperação do Sagrado', ou outras.

No fundo: como fortalecer os vínculos? Ou como distinguir os 'bons' e os 'maus' vínculos? Por via 'política',isto é, mediante o uso do poder? Por via 'privada', isto é, na actual conjuntura, gritando mais do que a concorrência como fazem as marcas de sabão?

Sobre estes pontos, todos os dias são aqui escritas as coisas mais extraordinárias, como se nada fosse.

Ana Margarida Esteves disse...

A analise do estado moral da sociedade e a proposta de recuperacao de "reservas morais"nao pode estar separada de uma analise das dinamicas estruturais da sociedade.

Nao pode por isso estar separada de uma critica da economia, das instituicoes politicas, da escola, da universidade e ate da familia e suas dinamicas.

Casimiro Ceivães disse...

De acordo, Ana. Preferia que assim não fosse, isto é, que como acreditaram os filósofos durante dois milénos bastasse que fôssemos todos 'bons' para ter uma 'boa sociedade'. Mas não é assim, e há que o encarar.

Outra coisa é saber que tipo de comportamentos individuais ('activistas', digamos) influi nessas estrutras dinâmicas.

Curiosamente, acho que as pessoas mais importantes são os libertinos e os libertários :)

julio disse...

"Por isso tenho aqui fomentado os valores da Língua, da Cultura, da Pátria…"

Pronto.

Mínimo seria isto mesmo no ser agora Lusófono, e o indivíduo buscando em si o sagrado...
Este é o sentido da INICIAÇÃO.
Não como virou moda (busca dentro o que procuras fora), mas vivendo isso numa constante a olhar fora no real, "Orai e Vigiai" do Cristo.
Mas Orar de agir, fazer (verbo) do Original que dizem que era o verbo...
E o VigIai é a vigilância dos sentidos, depois de (lidos, corridos e ouvidos).
Todos nós buscamos algo; e aqui o foco é a lusofonia.

O tarbalho deve ser então compreender, o que é a lusofonia?
E nesse ato de tentar compreender,
Seguir pelo caminho mais seguro.

Que é o sagrado...

Não deixa de ser este sagrado, em algumas circunstâncias,
um salvo conduto, e um até UMA defesa!
Geralmente o sagrado de um povo tem um mito e o nosso é o "quinto" e é, justo isto, porque nossa "marca" é cruz.
Sígno da cruz.

Mas estranhamente o Brasil está sob o signo do "quinto" no pentagrama armilar de sua bandeira.

Já o solução definitiva penso estar na busca silenciosa, e cada um fazer por si, segundo um mínimo de referência, pouco importa o nome, apesar do de Deus, parece ter restado o dedo em riste acusando e alguém em seu nome cobrando dizimos e tais.

O Mauquês tem seu lugar de honra!

o Juramento de Ourique outro que deve ser um objeto de consulta.

julio disse...

E a questão coletiva dos filosofos que pregam o bem, o bom e belo, e não tem dado grande resultado, é porque não tem sido compreendidos.

Porém suas ideias para o coletivo
foram pouco rentáveis, mas sem elas seria muito pior, além de não terem essas ideia sido seguidas como regra, que inclui e caminho individual do "conhece a ti mesmo".

Flávio Gonçalves disse...

Que leituras... mal por mal leia-se "the real thing" (Patrick Buchanan, entenda-se) aos trotsquistas recauchutados do "neoconservadorismo".

Eurico Ribeiro disse...

Se olharmos para as tradições populares e nomeadamente as Festas do Espirito Santo dos Açores, a questão sobre a distinção entre os maus e bons vínculos cai por terra. Até porque é tudo relativo!
Estou de acordo com a opinião deste texto, que nos fala de liberdade criativa um pouco dentro da filosofia agostiniana, do ser-se criança... isto é Espirito Santo! A roda já foi inventada, só precisa é que a ponham a rodar!
Apesar de ser necessária a liberdade (com a ressalva que ela termina na liberdade do outro e que é diferente de fazer o que me "dá na real gana" - perdoem-me mas já não usava este termo há muito tempo), também é necessário ordem e dentro dessa ordem principios que permitam a todos crescer, independentemente do nível meritocrático de cada um.
Quanto ás "reservas morais", que a Ana Esteves aqui escreveu (e que me dá sempre uma volta ao estômago porque são indiciadoras de autocracia porque se pressupõe que haja guardiões e donos da verdade...), prefiro antes a elevação das consciências através de pessoas de bem, que mostrem a cada um de nós que é melhor viver segundo princípios e valores ancestrais como a fraternidade e o sentimento de partilha. Todos eles são construtores tal como o amor incondicional, e mesmo que soem a utopias, só depende de nós para que sejam um pouco mais do que isso.
Quanto ao que o Julio disse... subscrevo totalmente! A questão não passa por bons nem maus, nem por anjos nem demónios, mas por iniciados, ou seja indivíduos em equilíbrio consigo proprios (interiormente porque debelaram as suas paixões e vícios) e externamente, porque ao olharem para as falhas dos outros se lembrarão certamente das suas e do trabalho que dá para as corrigir!
O despertar da consciência passa pelo autoconhecimento de quem somos e do que podemos e devemos fazer! Esta é a solução para esta e outras crises, porque ciclos de abundância e de escassez existirão sempre. Agora sem a verdadeira transmutação do homem, num ser em harmonia consigo e com os outros, continuaremos a sofrer da mesma forma. Lembrem-se do final do imperio romano...
Mas se não houver alguma Luz, mesmo que ténue a esperança morre, e alguns se sacrificarão na tentativa de iluminar as trevas.