VITOR MANUEL ADRIÃO
Este pequeno e muitíssimo resumido historial destina-se a provar aos actuais e cépticos
filodoxos, “amigos da opinião”, que a extraordinária República de Platão não é um caso literário
utópico isolado, antes um facto efectivado e comprovado em numerosos períodos da História e
que foi a alavanca charneira do progresso avante da Civilização Humana.
E, acaso, teriam sido os Grandes Pensadores da Humanidade simples e vácuos utopistas
visionários? Se assim é, então porque os seus ensinamentos são ministrados nas cadeiras de
filosofia e sociologia do sistema académico vigente? Será que é este um sistema vácuo, utopista
e visionário? Talvez… E mesmo os maiores nomes da ciência positivista, antes, da pedante por
“motus próprio” ciência dialéctica, como Galileu, Descartes, Einstein, etc., que acreditaram a seu
modo na Sinarquia, também seriam eles utopistas visionários?...
Tem-se ainda obras literárias de alto valor sobre o tema, decerto utópico no presente mas
não se o tornar realidade no futuro próximo pelo trabalho esforçado de um e de todos, como
sejam, dentre muitíssimas outras nas quais figuram Hipódamo, contemporâneo de Aristóteles,
Saint-Yves d´Alveydre, Rudolf Steiner, René Guénon e mesmo Gerard Encausse, o famoso
Papus: A Utopia, de Thomas Morus, A Cidade do Sol, de Campanella, A Nova Atlântida, de
Francis Bacon, e até a Raça Futura, de Bulwer Lytton, não esquecendo a obra monumental de
Henrique José de Souza, A Verdadeira Iniciação.
Falo de Sinarquia definindo-a como fundamentada em princípios universais em que se
inscreve o Homem, considerado não neste ou naquele aspecto particular, não nesta ou naquela
dimensão parcial, como a dimensão socioeconómica, por exemplo, mas na sua totalidade, como
um ser integral, expressão e síntese da Lei Orgânica da Vida numa Colectividade ou Sociedade
justa e perfeita, harmonizada ou conformada a essa mesma Lei da Vida.
É aqui, pois, que o ideal da Utopia se concretiza, o de uma República governada por
Filósofos. Convém entender o termo filósofo no seu sentido original, não como “amigo do
saber”, dos vários saberes, mas como Filho da Sabedoria, numa palavra, do Conhecimento
Supremo, dirigindo, conformado aos ritmos da Lei da Natureza, o Homem individual como
microcosmos da Sociedade grupal, o seu macrocosmos, o que se revela da maneira seguinte:
O HOMEM A SOCIEDADE A NATUREZA
O Homem em si mesmo A Sociedade em si mesma A Natureza em si mesma
O Homem na Sociedade A Sociedade no Homem A Natureza no Homem
O Homem na Natureza A Sociedade na Natureza A Natureza na Sociedade
OU
O Bom no Bom O Bem no Bem O Belo no Belo
O Bom no Bem O Bem no Bom O Belo no Bom
O Bom no Belo O Bem no Belo O Belo no Bom
Esses princípios estão interligados pelo que existe uma inter-relação permanente entre
eles, pois onde um aspecto predomina os outros também existem como subsidiários, indo
demonstrar que um povo, sendo uma colectividade, é um ser colectivo vivo, dotado de autoconsciência,
cuja acção política do governo sobre ele não pode permanecer abstracta sem o
perigo de dissolução. Na medida em que os sistemas político-sociais não souberam, até hoje,
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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