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ÁGUIAS[1]
Ide, portugueses, ide! Afrontai as tempestades, os ventos sibilantes.
Segue-vos num olhar de ansiedade e de ternura a Alma Portuguesa; assim Ela outrora olhava os seus nautas destemidos que cortando o mar descobriram a Índia e o Brasil.
Tombastes, águias lusitanas!
É o Adamastor do ar, fremente de raiva e de desespero que vos corta a passagem.
Mas as caravelas do Gama não temeram os rugidos do gigante que se torcia em paroxismos de furor, não recearam as suas profecias horrendas, porque sabiam que a Cruz de Cristo que lhe esmaltava as velas e lutava com temporais no tope dos mastros os protegia.
Heróis, avante!, que Nun’Álvares ergue-se do seu tumulto e vai orar por vós na magnificência rendilhada da Batalha; avante! que D. Henrique no cimo dos rochedos de Sagres olha-vos, como dantes, para procurar nas curvas do horizonte as asas brancas da nau de Gil Eanes.
Duarte Pacheco e Afonso de Albuquerque, Bartolomeu Dias e Gonçalo Velho vêm vibrar em vós a Alma de Portugal, a Alma que palpitou em Cochim, em Ormuz, no Cabo da Boa Esperança.
Camões apara a pena, a velha pena das iluminuras dos «Lusíadas» -, o livro de Horas da Pátria Portuguesa; e em letras de ouro escreve a «Epopeia do Ar».
Das campinas verdes do Minho aos campos quentes do Algarve, das serranias da Beira aos fios de água da Veneza lusitana um frémito de patriotismo percorre o povo português e eleva-se aos ares azuis, os ares que agora sulcais, a voz de Portugal.
- Salve, Heróis! Obrigado, gigantes!
1922
2 Junho 1922 [datação manuscrita]
[1] "Águias", O Comércio do Porto, Porto, Ano LXVIII, n.º 129, 2 de Junho de 1922, p. 1 (Victor Alberto, pseudónimo de Agostinho da Silva).
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286.
Donde vimos, para onde vamos...
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5 comentários:
Antes que alguém diga alguma coisa, refiro apenas que este é um texto de juventude. Ainda que Agostinho nunca o tenha renegado...
Como ninguém diz mais nada, neste blogue semi-adormecido, venho eu recordar que Agostinho também nunca renegou os textos em que dizia que o mal de Portugal era não imitar a França. Claro que não os renegou porque nunca renegou nada do que foi, fez e pensou. Mas cumpre-nos, por honestidade, recordar as várias fases e faces do seu pensamento, única forma de não o sacrificar a instrumento de uma qualquer ideologia.
Esses textos, particularmente esse que tu referes - "Da imitação da França", Seara Nova, Janeiro de 1930 - também já foi aqui, neste blogue "semi-adormecido", citado...
Estou de acordo que devemos estudar a fundo as diversas fases do pensamento de Agostinho (é, aliás, isso que me proponho fazer no meu trabalho de pós-doutoramento, como sabes; o tema é precisamente esse: "As três fases do pensamento de Agostinho"). Mas não apenas do Agostinho. Também do Cioran, por exemplo. Mas compreendo que não o faças - podias, com isso, chocar algumas pessoas...
Realmente semi-adormecido, senão às vezes em sono profundo mergulhado.
Mas deve haver uma razão: diante de tantas abobrinhas por aí, nos outros blogues com tanta febre, talvez a profundidade dos temas
cale a maioria, ou estejam mesmo todos de férias.
Não conheço muito o Agostinho,
mas o que haveria nesse texto merecedor de cr´ticas?
Feliz Ano Novo Mil a todos
Bom ano fascistas do meu coração! Não se zanguem, o Cioran é assim porque era um deprimido pessimista, invejoso de não estar no poder. São todos contra o poder e os partidos, depois mudam.
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