«– O que é isto?
– Palavras, citações de que gosto, poesia.
– É um trabalho ou um passatempo?
– Uma paixão.»
(em In the Cut de Jane Campion)
Não falarei do filme. Embora tenha gostado de o ver, não faria sentido, não se trata de um produto nacional. Ou talvez fizesse, talvez faça. Quero, no entanto, escrever acerca de outra coisa, tendo esta pequena amostra de diálogo servido como introdução por vários motivos. De entre esses motivos encontram-se os seguintes elementos:
PALAVRAS
CITAÇÕES
POESIA
PAIXÃO
Era uma vez um homem que acordava todas as manhãs. O seu maior medo era acordar sem saber onde estava ou que horas eram, sem saber o que dizer, sem ter ninguém para ouvi-lo. Costumava fazer tudo o que se deve fazer. Sair a tempo de não chegar atrasado ao trabalho, cumprimentar vizinhos e colegas, almoçar uma refeição saudável. Mastigando trinta vezes de cada vez. Participava na vida da comunidade, era aquilo a que se chama uma pessoa social.
Um dia, conheceu uma mulher que vestia uma meia de cada cor para manter o equilíbrio. A partir daí, nunca mais foi o mesmo. Nunca mais.
As palavras tropeçam-se pelos degraus da coluna vertebral. É quase noite. A língua estende-se, mergulhando o corpo no suor colorido da sua poesia. Inviolável.
De quantas citações se faz um livro? De quantas expressões a língua de um país? De quantos nomes se constrói um povo?
De todos os entardeceres em que, sentada junto ao rio, me evadi do mundo para ser quem eu quisesse, visitaram-me pequenos seres que guardo num recipiente junto ao fogo. Abriram-me os olhos, obrigando-me a manipular as sombras com as minhas mãos. Nem sempre foram cordiais as minhas conversas com a senhora que tem uma meia de cada cor. Enfim, sempre preferi o preto. E nem sempre me senti aliviada após o jogo de luzes.
Mas sei que parte das pessoas está nas suas paixões.
– Palavras, citações de que gosto, poesia.
– É um trabalho ou um passatempo?
– Uma paixão.»
(em In the Cut de Jane Campion)
Não falarei do filme. Embora tenha gostado de o ver, não faria sentido, não se trata de um produto nacional. Ou talvez fizesse, talvez faça. Quero, no entanto, escrever acerca de outra coisa, tendo esta pequena amostra de diálogo servido como introdução por vários motivos. De entre esses motivos encontram-se os seguintes elementos:
PALAVRAS
CITAÇÕES
POESIA
PAIXÃO
Era uma vez um homem que acordava todas as manhãs. O seu maior medo era acordar sem saber onde estava ou que horas eram, sem saber o que dizer, sem ter ninguém para ouvi-lo. Costumava fazer tudo o que se deve fazer. Sair a tempo de não chegar atrasado ao trabalho, cumprimentar vizinhos e colegas, almoçar uma refeição saudável. Mastigando trinta vezes de cada vez. Participava na vida da comunidade, era aquilo a que se chama uma pessoa social.
Um dia, conheceu uma mulher que vestia uma meia de cada cor para manter o equilíbrio. A partir daí, nunca mais foi o mesmo. Nunca mais.
As palavras tropeçam-se pelos degraus da coluna vertebral. É quase noite. A língua estende-se, mergulhando o corpo no suor colorido da sua poesia. Inviolável.
De quantas citações se faz um livro? De quantas expressões a língua de um país? De quantos nomes se constrói um povo?
De todos os entardeceres em que, sentada junto ao rio, me evadi do mundo para ser quem eu quisesse, visitaram-me pequenos seres que guardo num recipiente junto ao fogo. Abriram-me os olhos, obrigando-me a manipular as sombras com as minhas mãos. Nem sempre foram cordiais as minhas conversas com a senhora que tem uma meia de cada cor. Enfim, sempre preferi o preto. E nem sempre me senti aliviada após o jogo de luzes.
Mas sei que parte das pessoas está nas suas paixões.
(...)
1 comentário:
Nunca abandones o preto, mana, há nisso uma grande lusofonia... :)=
Dark kiss.
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