A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Cadernos de Agostinho da Silva (excertos)
DIOGO DO COUTO
Diogo do Couto nasceu em Lisboa em 1542 e foi criado no palácio do infante D. Luiz, filho de D. Manuel e pai do Prior do Crato; recebeu a educação habitual na época, tendo sido aluno de latim do P.e Manuel Alvares, autor da Arte ou gramática por onde aprenderam numerosas gerações; foi seu mestre de filosofia Fr. Bartolomeu dos Mártires, dominicano, depois Arcebispo de Braga. Quando morreu o infante, foi Diogo do Couto, como moço de câmara, para os paços reais, dai saindo, em Março de 1559, e seguindo o movimento geral do tempo, para embarcar na frota de Pêro Vaz de Sequeira, que se dirigia para a Índia. Pelo Oriente, entrou em várias campanhas e expedições que não tinham interesse de maior porque passara o grande período dos descobrimentos e conquistas e que eram provocadas quase sempre ou por disputas entre os vários reis indígenas ou pela necessidade de castigar quem não tinha fornecido bastante especiaria aos portugueses ou para se conseguirem, e mesmo se defenderem de concorrentes, novas fontes de mercadorias. Em 1569 voltou para o reino com D. António de Noronha e em Moçambique encontrou, muito pobre, comendo de amigos, Luiz de Camões que, segundo parece, terminara o seu poema e coligia as poesias líricas; obteve passagem para o poeta e chegou a Portugal, na «Santa Clara» em Abril de 1570. Não se demorou mais de um ano e regressou à Índia, com emprego nos armazéns de mantimentos; só em 1595 o rei, nessa altura Felipe II de Espanha, o encarregou de organizar o Arquivo de Goa e de con¬tinuar a crónica da Índia que João de Barros tinha principiado; as dificuldades foram grandes; em primeiro lugar, tinha que trabalhar como guarda-mor, passando certidões a quem precisava de atestar os seus serviços, o que não só lhe fazia perder tempo, como também era mina de conflitos, visto poucos terem grande interesse em que se passasse certidões verdadeiras e não estar Diogo do Couto na disposição de seguir as pisadas dos seus antecessores; em segundo lugar, os organismos burocráticos resistiam quanto podiam a mostrar-lhe documentos para que pudesse escrever a sua história: tais proezas se tinham realizado no Oriente que o melhor seria satisfazer o menos possível a curiosidade de um homem honesto, duro, pouco disposto a descrever os acontecimentos segundo as conveniências de cada um; as influências junto do rei chegaram a ponto de este mandar abrir, por intermédio do vice-rei, um inquérito secreto; Diogo do Couto batia-se sempre, mas às dificuldades do historiador vieram juntar-se as financeiras; pagavam-lhe pouco e era à sua custa que tinha de mandar imprimir as Décadas, cuja venda era lenta e pouco compensadora; ao mesmo tempo, vê a irremediável decadência do Império, a falta de dignidade e de bom senso, até de coragem, de que a cada passo vão dando provas os portugueses; a grande geração passara, todo o esforço era inútil, toda a tentativa de moralização uma empresa de loucos. Parece ainda que a infelicidade persegue as suas obras: a Quarta Década, em seguimento às de João de Barros, ainda se publicou sem transtornos, mas a quinta foi censurada, da sexta arderam quase todos os volumes, o manuscrito da sétima perdeu-se numa nau tomada pelos ingleses; da oitava e da nona, ambas furtadas, teve Diogo do Couto de fazer um resumo; o original do Soldado Prático, em que expunha o que era, nos últimos anos, o domínio da Índia, foi também roubado e teve de o escrever segunda vez, mais solidamente quanto ao fundo, mas em estilo mais complicado e confuso; é desta segunda versão que se extrai o presente caderno. As cartas de Diogo do Couto escritas já perto da morte são melancólicas e sem esperança; tudo se tinha perdido em Portugal, mesmo a hipocrisia; era tempo de acabar; e acabou em Goa, a 10 de Dezembro de 1616.
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1 comentário:
Como tudo permanece...
É a inércia...
É a Hora!
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