“A maior parte das vezes o silêncio é o melhor dos remédios contra a imbecilidade e mediocridade dos responsáveis”.
Muito se tem falado do silêncio e dos seus malefícios em Democracia. Diversos teóricos e especialistas em tudo e mais alguma coisa, os chamados tudólogos, dão a cara em televisões e escrevem nos jornais artigos eloquentes sobre a virtude da palavra e da obrigação de os responsáveis políticos darem opinião sobre a reprodução da mosca, a criação do Mundo, as roupas de Madonna, o assalto a uma bomba de gasolina, o tiroteio numa esquadra, a gravata do ministro ou a qualidade do fato usado pelo senhor presidente do Conselho.
Os debates são profundos, a conversa prolonga-se por horas a fio e os indígenas abrem a boca de tédio, mudam de canal e vão ver umas telenovelas estúpidas ou uma série qualquer sobre lésbicas num dos canais de serviço público. No meio desta conversa da treta sobre silêncios e seus malefícios, ninguém se lembra de falar sobre as virtudes de uma boca bem fechada. Evita-se muitas asneiras e não se corre o risco de permitir a entrada de moscas, uma coisa desagradável e muito pouco higiénica. Bastava estarem atentos a tudo o que se diz neste sítio pobre, deprimido, manhoso e cada vez mais mal frequentado para perceberem que o silêncio é, tantas e tantas vezes, uma arte que só os melhores conseguem executar na perfeição.
Abrir a boca e dizer um conjunto de disparates é algo que está ao alcance do mais comum e desprovido dos mortais. Basta, aliás, fazer uma pequena recolha das muitas palavras que foram ditas nos últimos dias por alguns responsáveis deste sítio, a começar pelo sempre em foco ministro da Administração Interna. Enervado com os ataques da Oposição e com a extraordinária actividade de vários bandos de criminosos, Rui Pereira foi ao Parlamento culpar o Presidente da República por haver poucos agentes de segurança nas ruas. Levou a resposta adequada de Cavaco Silva, foi desmentido pelo próprio Governo e continuou, feliz e contente, no seu gabinete do Terreiro do Paço a acompanhar de perto os crimes que vão acontecendo pelo sítio.
Tão contente anda o ministro que até comentou um tiroteio numa esquadra de Portimão, comparando-o com o homicídio ocorrido em 1963 numa esquadra de Dallas, em que o suspeito da morte de Kennedy foi assassinado por um empresário da noite. Como se vê por esta singela amostra, a palavra não é tudo. Muitas vezes, a maior parte das vezes, o silêncio é o melhor dos remédios contra a imbecilidade e mediocridade dos responsáveis.
Muito se tem falado do silêncio e dos seus malefícios em Democracia. Diversos teóricos e especialistas em tudo e mais alguma coisa, os chamados tudólogos, dão a cara em televisões e escrevem nos jornais artigos eloquentes sobre a virtude da palavra e da obrigação de os responsáveis políticos darem opinião sobre a reprodução da mosca, a criação do Mundo, as roupas de Madonna, o assalto a uma bomba de gasolina, o tiroteio numa esquadra, a gravata do ministro ou a qualidade do fato usado pelo senhor presidente do Conselho.
Os debates são profundos, a conversa prolonga-se por horas a fio e os indígenas abrem a boca de tédio, mudam de canal e vão ver umas telenovelas estúpidas ou uma série qualquer sobre lésbicas num dos canais de serviço público. No meio desta conversa da treta sobre silêncios e seus malefícios, ninguém se lembra de falar sobre as virtudes de uma boca bem fechada. Evita-se muitas asneiras e não se corre o risco de permitir a entrada de moscas, uma coisa desagradável e muito pouco higiénica. Bastava estarem atentos a tudo o que se diz neste sítio pobre, deprimido, manhoso e cada vez mais mal frequentado para perceberem que o silêncio é, tantas e tantas vezes, uma arte que só os melhores conseguem executar na perfeição.
Abrir a boca e dizer um conjunto de disparates é algo que está ao alcance do mais comum e desprovido dos mortais. Basta, aliás, fazer uma pequena recolha das muitas palavras que foram ditas nos últimos dias por alguns responsáveis deste sítio, a começar pelo sempre em foco ministro da Administração Interna. Enervado com os ataques da Oposição e com a extraordinária actividade de vários bandos de criminosos, Rui Pereira foi ao Parlamento culpar o Presidente da República por haver poucos agentes de segurança nas ruas. Levou a resposta adequada de Cavaco Silva, foi desmentido pelo próprio Governo e continuou, feliz e contente, no seu gabinete do Terreiro do Paço a acompanhar de perto os crimes que vão acontecendo pelo sítio.
Tão contente anda o ministro que até comentou um tiroteio numa esquadra de Portimão, comparando-o com o homicídio ocorrido em 1963 numa esquadra de Dallas, em que o suspeito da morte de Kennedy foi assassinado por um empresário da noite. Como se vê por esta singela amostra, a palavra não é tudo. Muitas vezes, a maior parte das vezes, o silêncio é o melhor dos remédios contra a imbecilidade e mediocridade dos responsáveis.
António Ribeiro Ferreira, Jornalista
Fonte:Correio da Manhã, 15 de Setembro 2008.
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