I
Quantos mais haverão de excitar-me
impondo-me caminhos a crer e como ouvirão,
se não há quem duvide?
Quantos burburinhos e azedos diluir-se-ão na fantasia
em pétalas banais de orquídeas comuns?
Quem há de saciar salientes alimentos,
desnudadas palavras
— surrealismo com fecho éclair —
e rasas penetrações
deslizando sobre o meu mênstruo?
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II
Haverão mais primaveras!
— Eu sei.
Haverão outras expiações...
Esfriarei meu sangue
e fabricarei rendez-vous de vento,
cuja valentia surgirá de dispares âmagos:
ermos calafrios, náuseas fecundas
e gélidas vagem de cara.
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III
Sob o pé do cinzeiro da consciência,
recordo os amigos.
lembro-os de todos,
ora olvidados, ora redivivos.
Tressinto-os
e sinto e canto
em saudade... saudade!
Música, única,
desperdiçada em fronts e perdas
haja vista gozá-la
e lembrar-me do velho violão puído,
asas dos fios da emoção.
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IV
Desfolharei as páginas elétricas
do livro da minha vida.
Reprisarei o replay
da minha verde juventude,
humilde...Sincera!
Tateação dos meus soberbos olhos
para que o papel lacrime pedante
e jugule a mão esquerda,
porque trêmula, nervosa,
e grafe-me uma nova verdade.
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V
Só e desprovido de ouro,
sobra-me o papel azul da maçã;
a madrugada jaza saltitante
e faz surgir-me à idéia alguns poemas cheios de medo
embevecidos pela lembrança d’outrora...
Ai... dos meus olhos duas lágrimas
pulam sobre os meus pés
sugerindo-me afluir
uma nova piração...
Afloração... Decerto os meus poemas
encharcam-se de zelo,
malbaratam fétidos sonhos abafados
e rebolam a nostalgia dos velhos benjaminzeiros
— nada mais!
© Benny Franklin
Belém/Pará/Brasil
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