AS VIAGENS DE LIVINGSTONE
A confiança que tinha em si próprio e que raríssimas vezes o abandonaria na vida fazia que vencesse todos os contratempos, todas as oposições que não podia deixar de encontrar; era um sentimento de segurança na vitória, uma certeza de que fora escolhido para uma missão e de que todo o adversário, coisa ou pessoa, apenas viera ao mundo para lhe dar maiores possibilidades e nunca poderia entravar, fosse no que fosse, o que de essencial tinha a fazer; não havia, portanto, que se desistir ou cair em desânimo: eram atitudes boas para quem se via no mundo como num combate de forças iguais em que há perder e ganhar; mas ele não: um espírito supremo o encarregara de realizar uma tarefa e então era como os homens antigos que tinham sobre si a mão de Deus e que nenhuma lança trespassava, que nenhuma intriga enredava; quem se opusesse cairia batido, só poderia contribuir para a glória das suas ideias, para o triunfo da sua causa de amor e de progresso; ora, em quem se bate consciente de uma superioridade esmagadora nada pode existir senão a serenidade, a compreensão da fraqueza do adversário, a piedade perante os seus loucos esforços (...).
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