Pediram-me há tempos, para um artigo, algumas palavras sobre Teixeira de Pascoaes - e, especialmente, sobre o significado social e humano da sua vida e da sua obra. Encargo embaraçoso, sem dúvida, para quem sempre viu no admirável poeta do «Marânus», como características dominantes, a incurável solidão e o predomínio de uma metafísica panteísta mais ou menos disforme em que os ecos da humanidade concreta e quotidiana repercutem muito longinquamente. Por essas mesmas características se me afiguram explicáveis, durante largo tempo, a versatilidade da sua irradiação na literatura portuguesa contemporânea, que sempre conheceu sucessivas mortes e ressurreições, e o distanciamento a que a sua poesia, de poderosos vislumbres geniais, se manteve perante as últimas gerações renovadoras do lirismo português. Por maior boa vontade que se ponha na apreciação dessa influência, ninguém ousará compará-la com a que tiveram, e têm ainda, Camilo Pessanha, um Fernando Pessoa, um Sá Carneiro, um Régio - para só falar dos grandes poetas nacionais. A qualidade humana de Pascoaes, no entanto, envolve outras questões e perspectivas. Urge, assim, lembrar, sempre, Teixeira de Pascoaes.
Paulo Sempre*
* www.filhosdeumdeusmenor.blogspot.com
Paulo Sempre*
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2 comentários:
Abraço, Paulo, bem-vindo!
Sempre bom recordar Pascoaes - e adorei ver a Sagres...
P. S. A página aqui é estreita, quando quiseres embutir as imagens no texto, coloca-as em «médio» ou «pequeno», senão fica um fio de texto à direita, quase ilegível.
Era o ser de olhar duplo, contemplando
O reino a que pertence e o seu etéreo
Desdobramento anímico; e, por isso
Olhava as duas faces do Mistério.
Teixeira de Pascoaes, «Marânus»
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