A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Melodrama Lusitano

LISBOA - Vim pela primeira vez a Lisboa com remotos 19 anos, em 1963, mas já a conhecia com afetuosa intimidade, graças aos romances de Eça de Queiroz: a rua das Janelas Verdes, o Bairro Alto, o Rocio, o teatro D. Maria, a rua do Ouro, o Chiado, era como rever lugares queridos, apenas imaginados.

Nas ruas, em plena ditadura salazarista, homens e mulheres de roupas feias e escuras, melancólicos e cabisbaixos, passavam como sombras. Também tive a impressão, e não só por ser muito jovem, de que só havia velhos pelas ruas. Onde estaria a juventude daquela cidade? Sentia-se medo, derrota e resignação no ar.

Em 1975, voltei a Lisboa, pouco depois da Revolução dos Cravos. Encontrei a cidade eufórica com a nova liberdade, as outrora imaculadas paredes pichadas com slogans libertários, havia alegria em todos os rostos e, nas ruas, todos pareciam jovens e cheios de esperanças.

Minha filha Esperança acabara de nascer no Brasil, no último e mais terrível ano do governo Médici. Assim que cheguei, liguei para o amigo e grande ator Nicolau Brayner para irmos aos copos celebrar a chegada da miúda. Ele me disse para encontrá-lo no teatro, mas não precisava ver a peça, "é muito chata", que chegasse no final e o esperasse no camarim.

Fui recebido por uma simpática velhinha, camareira de Nicolau havia muitos anos. Chamava-se Esperança, um nome muito comum em Portugal, mas raríssimo no Brasil. Contei-lhe que minha filha era sua xará porque, em 1963, sua mãe, então com 19 anos e um filho recém-nascido, fizera uma sofrida turnê teatral pelo interior de Portugal e uma bondosa camareira a ajudara a cuidar do bebê. Chamava-se dona Esperança e inspirara Marília a dar seu nome à filha.

Era a própria. Nos abraçamos aos prantos.

Publicado por Nelson Motta, no seu Blogue Sintonia Fina

1 comentário:

Bruno Moutinho disse...

Pergunto-me: onde estará essa cidade eufórica do pós 25 de Abril?
Agora as paredes já não exaltam slogans literários, mas sim a pouca cultura de uma cidade de bárbaros. A alegria e a esperança ardeu com o entusiasmo excessivo.

Contudo, talvez o reencontro das memórias faça surgir um novo ciclo.