A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Império da Eterna Criança", de Ana Silva

A humanidade vive condicionada pela histórica luta pela sobrevivência, o que a obriga a estar desperta para o mundo exterior deixando para segundo plano o despertar para si mesma. Porém, o homem para estar plenamente acordado para a vida precisa de estar acordado para -dentro de- si, como se pode ver o mundo se não se vê a si? Quando se é criança ou se é simples, não se pensa e vive-se de modo intuitivo, mas quando se cresce num mundo que se auto-convenceu como sendo estritamente real e se adquire a sabedoria racional, começa-se a distinguir o que se vê desprezando a inerente interligação entre os opostos que geram a própria vida.
O ser humano, ao desenvolver-se, confunde-se ao pensar que o seu estado natural é viver acordado, mas a origem humana é o sono. Antes de viver acordado, o homem dorme, por isso, só existe com base no sono e no sonho, a vida é uma consequência destes e não o contrário.
Cada ser humano nasce da união do sonho com a realidade, por isso, ao viver, sonha-se primeiro, assim como os pais sonharam a sua união, e só depois alia esse sonho à realidade, como os pais concretizaram o mesmo sonho, ou seja, a vida do homem reproduz, a cada dia, a sua própria criação.
O sonho é encoberto pelo sono que o acordar descobre, o sono une o homem ao ser sempiterno que o sonha e o acordar fá-lo viver o sonho. A humanidade pensa que vive acordada mas não dá conta que para acordar para si mesma precisou de se sonhar, ou melhor, está a sonhar que é, mas como se esqueceu disso, vive a sério o próprio sonho. Assim, "adormece" para si mesma e acorda apenas para fora, mas ao fazê-lo deixa de existir para si, isto é, não vive, é vivida pelo mundo que ela mesma inventou. O ser humano não leva a sério o sonho, confia apenas na obra do sonho, acredita no fruto da árvore que não crê existir.
O homem sente-se sujeito mas vive num mundo de objectos, representa-se pela máscara do corpo, finge ser-se através do que não é: matéria. Apesar disto, o homem não contempla o simbolismo da vida, mais, esquece que vive submetido ao tempo e ao espaço, o que só lhe permite estar a ser mas nunca chega a ser o que é, porque sempre muda. Ao definir-se este mundo como unicamente real vive-se uma realidade irreal, porque realidade é objectividade, pelo que para se viver a vida só como real, deveria o homem não (se) pensar, visto não ser mais que um objecto. Cada indivíduo humano, não pode viver dividido, daí que a vida é tão real quanto imaginária e não pode ser vivida inteiramente enquanto se ignorar o sonho real que ela é: a utopia é a única verdadeira realidade.
Não passamos de simples actores no teatro do mundo, onde se entrecruzam peças que continuamente se iniciam e terminam. Cada homem participa num espectáculo que, por ser passageiro, deveria ser representado de modo lúdico. No entanto, os actores levam a sério aquilo que tem componente de brincadeira, esquecem-se que apenas estão a figurar vidas que, ao cair do pano, findam. Embrulharam-se tanto nos seus papéis que se confundem com eles, já não sabem quem são nem aproveitam plenamente esta imitação da vida.
Afortunadamente, a criança vive acordada para o princípio e o fim de tudo, unindo dentro e fora, pois tem ainda presente que o que está dentro gera o que está fora. O adulto olha para o que está fora desligando o fim do princípio, agarra-se ao que vê como sendo tudo, vive o visível cortando-o do invisível, matando-o. A humanidade parte da meta pensando-se na partida e continua a correr depois dela com a esperança de chegar em primeiro, no entanto, a partida é já a meta da vida - pois a vida só é gerada pela união.
Portugal "está dormindo" (segundo Pessoa) porque se esqueceu que se está a sonhar, está adormecido para o sonho que está a viver pois pensa estar a viver acordado para uma realidade separada do seu sonho; mas o sonho não conhece tempo nem espaço: Portugal continua a sonhar-se mas não acredita em si como sonho, apenas como obra nascida de um real decepado do sonho, portanto, ilusório.
A origem do português é o eterno, o seu futuro o infinito. O português é o eterno menino, puro e verdadeiro, por estar em todo o lado e não ser em nenhum, por não ser nada e poder ser tudo, contenta-se apenas em sonhar o invisível, está em sintonia com o mundo, continua próximo da origem da humanidade, o que lhe concede a capacidade de a fazer renascer para o sonho em que vive desde sempre e que ficou escondido nas asas do tempo e nas sombras da matéria.
É a Hora do povo Luso despertar o mundo iluso: canta galo, canta! Chegou o V Império!
O ser humano nasce dum sonho de união entre o que ama e o que é amado e vive-o. O ser humano dorme enquanto está a sonhar. Com isso, a criança nasce e sonha – vive o sonho real. O adulto crê que é o que está: sonha-se real e finge-se a sério sendo figurado - vive uma realidade irreal. E assim conta a lenda de que esta vida existe, na qual o adulto não duvida e a criança simplesmente... imagina!
Tanta vida vivida como se a realidade fosse alguma coisa para lá de imaginária! Como se estes corpos logo ali não acabassem todos. Como se isto não fosse mais do que uma pegada que sem demora o mar apaga da areia. Tudo o que vemos nada é o que vemos, apenas o que está. O ser que é não pode estar aqui e agora, continua dormindo no infinito, a sonhar-nos.

3 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

Chegou o V Império?? Devem ter-me enganado com o galo...

Unknown disse...

Pois se calhar o galo é embuçado... não sei.

Klatuu o embuçado disse...

Em parte... Tem uma bela crista, que se empertiga, ladeada de penacho de plumas - além de que é um daqueles pardos de vermelho raiado, pequenito, selvagem, intratável, que dizem ser da Índia.

Um galito português, portanto.