António Vieira sempre defendeu um “Quinto Império do Mundo” que casualmente, ou melhor, providencialmente, teria um rei-imperador português. Patriótico, no sentido em que era um dos mais ardentes defensores da independência portuguesa contra Espanha e da liberdade brasileira contra a Holanda, Vieira provinha de um substrato que o moldou, educou e que se tornaria o esqueleto sobre o qual se comporia a carne daquilo que seria o cerne da sua visão do Quinto Império: uma entidade cosmopolita e multinacional exactamente moldada à imagem da Companhia delineada por Inácio de Loyola. Com efeito, a Companhia de Jesus congregava no seio membros oriundos de várias nacionalidades, unidos num propósito comum e falando entre si uma só língua: o latim. Os jesuítas deviam abstrair-se da noção da sua pátria original e os seus membros deviam excluir-se das querelas políticas da governação. Embora Vieira tivesse sido nesse sentido um marginal (sendo muito criticado pelos seus pares precisamente por essa excessiva proximidade ao Poder), não deixava de ser um Jesuíta de formação e sentimento: Como a sua Ordem, defendia uma entidade aPatriotica, a qual aliás procurou fundar o “estado jesuíta” que Pombal quis reconhecer na coligação de aldeias índias regidas por jesuítas no Brasil e estaria na base do mito do “Estado Jesuíta” que inspirou filmes como “A Missão”.
O conceito de “Quinto Império do Mundo”, unido por uma língua comum, o português, e mantendo a “cabeça deste império universal“ em Lisboa e nos “Reis de Portugal os Imperadores Supremos” e congregando em si mesmos povos de vários credos e nacionalidades bem ao estilo do Culto do Espírito Santo do reinado dionisiano é assim plenamente compatível com a visão jesuíta daquele “Estado efectivo” que foi sendo reinventado na mente de Vieira, compondo elementos da Tradição portuguesa medieval, das Trovas de Bandarra, de algum incerto templarismo devidamente condimentadas com o NeoSebastianismo e um messianismo oriundo do substrato judaico do Jesuíta se haveria de equivales ao “Quinto Império” ou ao “Reino do Espírito Santo” dos profetas da portugalidade e do papel futuro de Portugal no mundo.
2 comentários:
Um dos maiores da Língua Portuguesa, patriota, Humanista, génio da Diplomacia e tão esquecido dos currículos do ensino!
E vai assim o nosso Portugal.
Ou seja, Portugal esquecido de si mesmo, pois é a isso mesmo que corresponde Portugal esquecer aquele grande fundador (ou re-fundador) da língua que foi Vieira...
Bem pelo menos por aqui ele vai re-vivendo e no número 2 da Nova Águia também...
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