é agora
a translucidez da partida
o gosto de comer romãs sozinho
com nódoas ou sem elas e as mãos acabadas de ler como um poema sem autor
sem céu ou mãos outras que sustentem a vontade de ficar
e ir
no lado de dentro da viagem com a consciência a saber a vómito
ladrão de nós de marinheiro à socapa nos livros de aventuras
que a vida é ainda assim a maior aventura
mas soa a falso se for levada demasiado a sério
e os marinheiros sabem fazer nós porque são os levitas da Saudade
e nós
os paridos da terra
temos a alma a voar em espaços sem o odor do horizonte
só promessas naufragadas de chegar Além
nós
atados de espanto e farrapos de incêndios fátuos
arlequins de depois do baile de máscaras
afoitos fazedores de contristura
partir
é já ir longe de mais
mas os barcos dão a volta ao mundo
sempre de cabeça para baixo gerando o esquecimento
da verdade do mar ser firmamento
para os que veramente acreditam em Galileu
2 comentários:
Meu caro confrade, se é o caso de não se ter esquecido, e o poema não ter título... coloque como título o primeiro verso: É Agora - para que o post possa ser referenciável.
Cumprimentos.
P. S. Se a foto é de sua autoria, refira-a, ou, caso não sendo, o autor da mesma. Podemos perfeitamente ter uma entrada de fotografia nas Etiquetas com interesse cultural.
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