Way of the Serpent.
Todo o homem, que tenha que talhar para si um caminho para o Alto, encontrará obstaculos incomprehensiveis e constantes. Se não fôssem mais que os obstaculos que se atravessam e estimulam, pelo perigo ou pela resistencia directa, bem iria, e os proprios obstaculos seriam o clarim para o avanço. Mas encontrará outros – os obstaculos réles que vexam e vergam, os obstaculos suaves que adormecem e viciam, os obstaculos que o farão, como Orpheu, volver o erro do olhar para o vedado Averno. Cercal-o-hão, não só resistencias duras, como as que os penhascos erguem como tropeço, mas resistencias brandas, como as memorias dos valles, e as dos lares nas faldas. E o triumpho consiste na força para, sabendo sentir essas attracções intensamente (pois não sabel-as sentir é não ter alma para a subida), as submeter á emoção superior; sabendo organizar as vontades do amor e da terra, saber submettel-as á vontade do espirito do mundo. […]
Fernando Pessoa
(Esp. 54 A-6)
Fernando Pessoa e a Filosofia Hermética, Fragmentos do espólio, Y. K. Centeno, Editorial Presença, Lisboa, 1985, p. 31.
5 comentários:
Viva o Rei!
Viva Portugal!
Viva a Novíssima Renascença Portuguesa!
Uma alma sem cicatrizes nunca esteve realmente viva!
Caiu que nem ginjas!
Fernando Pessoa é imortal e contemporâneo a despeito de ter vivido em outro século!
Viva a Novíssima Renascença Portuguesa!
Viva o Lord!
E escrevia na ortografia anterior ao Acordo Ortográfico de 1911; era de carácter teimoso, com alguma inclinação maníaca para aborrecer o seu dessemelhante... ;)
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