Paris, 10 Abr (Lusa) - O romancista António Lobo Antunes disse hoje em Paris que escrevia "num estado próximo do sonho" e caracterizou o português como "uma língua fabulosa para escrever".
Num diálogo com estudantes, críticos e professores que enchiam uma sala da universidade Sorbonne Nouvelle, Lobo Antunes afirmou que cada livro que escreve é "negociado com a morte", mas negou que a sua obra tenha terminado.
"Espero que me deixem escrever mais dois ou três livros", disse.
A propósito da "ambivalência" das suas declarações acerca de Portugal, o escritor respondeu: "Os portugueses podem dizer mal do seu país, mas os outros não. Quando dizem que Portugal é um país pequenino, eu digo que Portugal é um país imenso."
Quanto aos comentários que fez ao cinema de Manoel Oliveira durante uma recente entrevista ao programa France Culture, Lobo Antunes disse que os seus filmes o aborreciam.
Referindo-se a "Non ou a vã glória de Mandar", Lobo Antunes afirmou que, quando Oliveira filmava a guerra colonial, "falava de justiça" e "isso" - disse - "é idiota".
"Quando estamos em guerra pensamos é em sobreviver", acrescentou.
Questionado acerca dos escritores da África lusófona, mencionou, entre outros, Pepetela, José Craveirinha e José Eduardo Agualusa.
Lobo Antunes, 65 anos, começou a sessão com uma "nota de amor por Christian Bourgois", seu amigo e editor em França, recentemente falecido.
O escritor definiu-o como "um homem excepcional em todos os pontos de vista" e que "deixou uma obra excepcional". Ele "falta-me terrivelmente, Paris sem ele é diferente", disse.
O debate foi moderado por Catherine Dumas, profesora da Sorbonne Nouvelle e especialista na obra do escritor, que o apresentou como "um dos maiores representantes da literatura dos nossos dias".
Em Paris, Lobo Antunes participou num outro debate sobre a sua obra, no Centro Cultural Calouste Gulbenkian, com os professores Maria Alzira Seixo, Paula Mourão e Graça Abreu, da Universidade de Lisboa, e Sérgio Sousa, da Universidade do Minho.
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1 comentário:
Carlo Vittorio Cataneo, grande poeta italiano, afirma que a língua portuguesa é a mais bela do mundo.
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