Celso Amorim, ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil declarou recentemente que a promoção da língua portuguesa é uma das prioridades do Brasil e, nesse contexto, declarou que Brasília iria estabelecer uma “Universidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)” algures no nordeste do Brasil. Esta nova universidade será “lusófona” na mais pura acepção do termo, já que terá metade dos seus alunos de nacionalidade brasileira e a metade restante formada por alunos provenientes de países africanos de expressão portuguesa assim como de Timor-Leste. A Universidade terá cursos muitos práticos, dedicados ao desenvolvimento dos países dos alunos que a frequentam e é apenas um passo deste anunciado programa de promoção da língua que levou o próprio ministro à Guiné-Bissau, onde emitiu estas declarações na ocasião da inauguração de um “Instituto de Estudos Brasileiros” em Bissau, a capital guineense.
Estas políticas, ousadas e frontais, contrastam vivamente com a inação do governo português, embrenhado ainda em questões bizantinas sobre a aprovação do Acordo Ortográfico de 1990 e numa retirada diplomática sistemática em praticamente todos os países do mundo, por constrangimentos orçamentais impostos por Bruxelas. Esta falta de estratégia lusitana, implica o recuo da posição junto dos demais países lusófonos, e perante este vácuo, o Brasil, animado por uma economia dinâmica e em crescimento, assim como por uma visão estratégica que falta a Lisboa, toma posições em África, em defesa de uma língua que Portugal não demonstra estar a ser capaz de defender. Talvez em lugar de ser arvorarem em “defensores da língua” o senhor Graça Moura e os editores que o rodeiam tivessem mais sucesso na defesa dos seus interesses a prazo se tivessem tido a iniciativa de fundar esta “universidade da lusofonia”, algures em Portugal… Assim, ficamos perante a mera constatação de que a melhor defesa do português no mundo é feita hoje não por Lisboa… mas por Brasília.
Fonte: http://sic.aeiou.pt/online/noticias/mundo/20080422Brasil+quer+criar+Universidade+CPLP.htm
Imagem: http://blogvisao.wordpress.com
10 comentários:
E há muito mais. O Brasil, por exemplo, admite abdicar de criar o Instituto Machado de Assis (o equivalente ao nosso Instituto Camões) para apostar tudo no fortalecimento do Instituto de Língua Portuguesa, entidade co-gerida por todos os países lusófonos... Chama-se a isto "visão estratégica da lusofonia"!
São esses gestos de grandeza e de visão de futuro que irritam alguns "velhos do restelo" lusos...
em vez de orientação para o futuro, estamos enreados em "orçamentismos" e em seguidismos a uma Europa que não é nossa, quando era a esse outro Portugal de além-mar que devíamos estar a procurar re-aderir!
Fado!
“Esta nova universidade será “lusófona” na mais pura acepção do termo, já que terá metade dos seus alunos de nacionalidade brasileira e a metade restante formada por alunos provenientes de países africanos de expressão portuguesa assim como de Timor-Leste.”
Posso estar a ler mal… mas nestas contas não deviam estar também incluidos alunos Portugueses? E os professores, de onde serão?
Acho que encontrei a minha resposta:
“A universidade vai ter metade dos alunos brasileiros, por uma questão de integração, e a outra metade será de alunos provenientes da CPLP, sobretudo africanos e de Timor-Leste"
Sobretudo mas não exclusivamente.
E numa universidade assim que eu quero ensinar quando o meu Ph.D. estiver pronto:-)!
Jose, olhe eu aqui:-)!
Bem, os alunos portugueses.... se os houver, serão a excepção... e professores portugueses... a universidade é no Brasil.
Se queremos manter liderança nesta área vital da Educação, temos que fundar a nossa própria Universidade Lusósofona ou...
aproveitar esta iniciativa brasileira para nos juntarmos a ela, em regime de parceria plena!
ESPÍRITO. Portanto, no Brasil, em Portugal ou em qualquer outro país Lusófono, qualquer iniciativa que sirva para dar mais luz a este "espírito" é bem vinda...que se cumpra o nosso destino - levar mundos ao mundo e neles nos dissolvermos - como gostaria o nosso saudoso Agostinho Silva, que tantas boas sementes nos deixou. E o Padre António Vieira, e tantos outros... A língua portuguesa é de todos que a queiram como sua.
Conceição Oliveira
A Lusofonia não tem terra, tem ESPÍRITO. Portanto, no Brasil, em Portugal ou em qualquer outro país Lusófono, qualquer iniciativa que sirva para dar mais luz a este "espírito" é bem vinda...que se cumpra o nosso destino - levar mundos ao mundo e neles nos dissolvermos - como gostaria o nosso saudoso Agostinho Silva, que tantas boas sementes nos deixou. E o Padre António Vieira, e tantos outros… pois a língua portuguesa é de todos os que a quiserem como sua.
Conceição Oliveira
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