Diz Confúcio "A nossa maior glória não reside no facto de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda”.
Interpretada à luz do mito sebastianista do regresso, a saudade é o anelo de algo que foi perdido, e cuja lembrança tem a faculdade de dar satisfação, uma satisfação dorida a quem nela (saudade) fica. A saudade é o passado transposto em memória ou visão para o presente, aspirando etereamente a reproduzir-se no futuro. No entanto, o seu lado negativo poderá nos subtrair forças para viver, na realidade presente, de cara virada para o futuro, uma construção feita de alicerces pragmáticos; dispersão, instabilidade, devaneio são aspectos negativos da saudade, que geram coisas mal feitas, imperfeições, desilusões e abusos. Este factor tem ocasionado o mau hábito de se dizer sempre mal de Portugal, de criticar tudo e todos. Isto não é, afinal de contas, senão a crítica inconfessável que nos fazemos a nós mesmos pela nossa incapacidade – que se reflecte nos outros como num espelho –, de sermos aquilo que quereríamos ser, tal como nos dita a saudade. Porém, devido a essa mesma instabilidade e dispersão, não alcançamos a ser, através dessa forma particular de nostalgia, senão um presente frustrado que se alimenta de utopias. O lado positivo da saudade provém da força anímica do povo, capaz de ir buscar aí a vontade de regeneração, a herança mítica dos Antepassados. A saudade, nos momentos críticos, converte-se na força da esperança reassumida plenamente, capaz de galvanizar o povo disperso e marcadamente individualista, numa obra que o transcende. Essa obra tem de ser irracional, tanto como a saudade, para o povo a poder e saber assumir plenamente. Aqui há união, aqui há força, aqui há transcendência.
O Português é um povo imprevisível porque contraditório e paradoxal. Não é racional, mas é genial. Da mediocridade passa ao génio, e se não há uma força superior que o mantenha neste estado, logo decai e volta novamente à mediocridade. Não conhece o meio termo, mas, paradoxalmente, não é extremista; é um povo de brandos costumes, pacífico, hospitaleiro, algo indolente. Porém, ainda o paradoxo, é um povo de pioneiros. O seu maior defeito é saber fazer as coisas, mas não saber conservá-Ias. É inconstante por natureza e, recorrendo à sua natural capacidade de desenrascar-se, consegue encontrar em momentos de extrema dificuldade soluções "impossíveis"; porém, ao longo da História tem sido facilmente levado e enganado (actualmente menos) por aqueles que sabem explorar as suas fraquezas sentimentais. É um povo em que o coração fala mais do que a cabeça. É um nobre povo e um povo de génio quando o coração encontra a cabeça que o comande.
Termino com uma citação de Teixeira de Pascoaes da sua obra que mais admiro A Arte de Ser Português “É preciso que o povo encontre o culto religioso dos seus avós – daquela Alma primitiva que, de entre a confusão das raças da Ibéria, ergueu bem alto a sua presença livre e inconfundível – primeiro na figura homérica de Viriato e depois em Afonso Henriques, esse rude estatuário de uma Pátria que as últimas gerações têm mutilado”.
Interpretada à luz do mito sebastianista do regresso, a saudade é o anelo de algo que foi perdido, e cuja lembrança tem a faculdade de dar satisfação, uma satisfação dorida a quem nela (saudade) fica. A saudade é o passado transposto em memória ou visão para o presente, aspirando etereamente a reproduzir-se no futuro. No entanto, o seu lado negativo poderá nos subtrair forças para viver, na realidade presente, de cara virada para o futuro, uma construção feita de alicerces pragmáticos; dispersão, instabilidade, devaneio são aspectos negativos da saudade, que geram coisas mal feitas, imperfeições, desilusões e abusos. Este factor tem ocasionado o mau hábito de se dizer sempre mal de Portugal, de criticar tudo e todos. Isto não é, afinal de contas, senão a crítica inconfessável que nos fazemos a nós mesmos pela nossa incapacidade – que se reflecte nos outros como num espelho –, de sermos aquilo que quereríamos ser, tal como nos dita a saudade. Porém, devido a essa mesma instabilidade e dispersão, não alcançamos a ser, através dessa forma particular de nostalgia, senão um presente frustrado que se alimenta de utopias. O lado positivo da saudade provém da força anímica do povo, capaz de ir buscar aí a vontade de regeneração, a herança mítica dos Antepassados. A saudade, nos momentos críticos, converte-se na força da esperança reassumida plenamente, capaz de galvanizar o povo disperso e marcadamente individualista, numa obra que o transcende. Essa obra tem de ser irracional, tanto como a saudade, para o povo a poder e saber assumir plenamente. Aqui há união, aqui há força, aqui há transcendência.
O Português é um povo imprevisível porque contraditório e paradoxal. Não é racional, mas é genial. Da mediocridade passa ao génio, e se não há uma força superior que o mantenha neste estado, logo decai e volta novamente à mediocridade. Não conhece o meio termo, mas, paradoxalmente, não é extremista; é um povo de brandos costumes, pacífico, hospitaleiro, algo indolente. Porém, ainda o paradoxo, é um povo de pioneiros. O seu maior defeito é saber fazer as coisas, mas não saber conservá-Ias. É inconstante por natureza e, recorrendo à sua natural capacidade de desenrascar-se, consegue encontrar em momentos de extrema dificuldade soluções "impossíveis"; porém, ao longo da História tem sido facilmente levado e enganado (actualmente menos) por aqueles que sabem explorar as suas fraquezas sentimentais. É um povo em que o coração fala mais do que a cabeça. É um nobre povo e um povo de génio quando o coração encontra a cabeça que o comande.
Termino com uma citação de Teixeira de Pascoaes da sua obra que mais admiro A Arte de Ser Português “É preciso que o povo encontre o culto religioso dos seus avós – daquela Alma primitiva que, de entre a confusão das raças da Ibéria, ergueu bem alto a sua presença livre e inconfundível – primeiro na figura homérica de Viriato e depois em Afonso Henriques, esse rude estatuário de uma Pátria que as últimas gerações têm mutilado”.
Acredito que a actual e as futuras gerações honrem a história de que são herdeiras e sejam o testemunho vivo para todos os povos do mundo, lusófono ou não, da arte de ser português.
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