Excelente artigo, o do Miguel Real. Vale a pena (re)ler Cunha Leão e outros autores afins para nos entendermos melhor a nós mesmos. Dá para horas e horas de reflexão sobre o melhor e o pior do que é "ser Português" ...
"É, historicamente, um modelo de português que, moribundo desde a década de 1960, morre definitivamente na de 80 com a invasão de costumes europeus (...)"
Não acredito que esse modelo de Português tenha morrido de todo. Está definitivamente moribundo, mas ainda estrebucha ...
Nalguns aspectos, a "invasão de costumes Europeus" tem sido bastante positiva, especialmente no que diz respeito ao moderar de aspectos desse "modo de ser Português" que só contribuem para o desperdiçar de potencial humano.
"(...) o português (...) de mulher passiva e resignada (...)"
Cada vez menos, graças á Providência ... Não obstante resquícios de marialvismo e boçalidade por parte de certos "machos lusitanos" (especialmente os de mais idade) e coquetismo e tiques manipuladores por parte de certas senhoras (especialmente as de menos idade). Para não falar do fascínio dos media com "call girls", vedetas de telenovelas que vêm fadas e outras personagens ás quais supostamente é tudo servido de bandeja com um simples bater de pestanas ...
As mulheres Portuguesas têm aprendido muitíssimo nos últimos anos, em grande parte graças aos aspectos mais benéficos da "invasão dos costumes Europeus". O melhor de tudo é que, na sua maioria, temos tido o bom senso de não assimilar de forma acritica o pior desses mesmos costumes, tão bem retratados pelo romancista Francês Michel Houellebecq e por qualquer veraneante astuto regressado de umas férias no Algarve ...
"(...) obediente ao mestre-escola, ao prior da paróquia e ao regedor da freguesia (...)"
Infelizmente ainda há um temor da autoridade e formas de "obediência" muito pouco críticas, não obstante toda a amargura destilada nos cafés e os "sketchs" satíricos em programas de humor na televisão. O/a Português/a, quando quer, sabe ser iconoclasta, e com muita classe ... É pena é que exercite esta capacidade com tão pouca frequência e de forma tão pouco construtiva ...
"(...) conservador e possessivo, arreigado ao terrunho natal, em momentos de crise social e política (...)"
Infelizmente ainda é a atitude mais comum entre os Portugueses quando alguma coisa não corre de feição ... O retrair-se ao pouco que tem, arvorar-se de um suposto complexo de superioridade que muito mal disfarça uma grande insegurança e dá ares de sermos muito mais provincianos do que realmente somos ... Atitude que está intimamente ligada a essa "obediência ao mestre-escola" ... Temos medo de palmatórias que há muito foram comidas pelo caruncho ... É mais certos os nossos nós dos dedos partirem a palmatória em pedaços do que ficarem vermelhos ....
Esta atitude não nos fica nada bem e só reduz a criatividade e capacidade de reagir a crises de forma construtiva. Já diziam os Chineses que cada crise é uma oportunidade ...
"generalizando entre os novos povos tanto uma piedosa mensagem cristã quanto o ferro da escravatura"
Aspectos do nosso passado que devemos ter cuidado quando os quizermos tratar como aspectos intrínsecos á nossa identidade. Os Descobrimentos tiveram aspectos positivos, mas também é preciso ter em conta as consequências nefastas que tiveram em termos de conversões forçadas, destruição de património cultural indígena, mortandade generalizada devido a doenças e trabalho forçado, e, a não esquecer, a muito vergonhosa herança da escravatura ...
Em tempos de fundamentalismo religioso e "reacordar" de identidades indígenas, é preciso ter muito cuidado ao referir a "generalização da mensagem Cristã", como uma das virtudes fundamentais de um povo. Tal ideia, se não for tratada com cuidado, pode gerar muita inimizade entre aqueles que não partilham da mesma fé.
O Reverendo Jesse Jackson, que foi candidato á Presidência dos EUA, chegou a referir em vários discursos o impacto nefasto que a herança dos Descobrimentos Portugueses e do tráfico negreiro ainda têm na vida de Africanos e Afro-descendentes em todo o mundo ...
Vale a pena (re)ler Cunha Leão e outros autores afins, mas é muito necessário temperar essas leituras com as de livros tais como o "Livro Negro dos Descobrimentos Portugueses". (Re)pensar a nossa identidade implica retirar os esqueletos do armário e não ter medo de encarar de frente os aspectos menos confortáveis da nossa história e cultura.
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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