O emprego do termo lusitanidade só é admissível se quisermos pensar Portugal em termos da sua dimensão mítico-poética. Recusar a lusofonia, ainda por cima uma lusofonia limitadamente entendida apenas enquanto comunidade linguística, em prol da “lusitanidade” é no mínimo estranho. Para sustentar esta posição, o Sr. Eduardo Amarante dá-nos uma retórica pseudo-espiritualista, tão diferente do manifesto da NA, esse sim com uma veia a que poderemos chamar espiritualista, e que é generosa e fundamentada.
Podemos ler no mesmo texto: “Quanto a mim, Portugal e os que com ele se identificam têm muito a dar ao mundo, o que vai de encontro ao ideário da ‘Nova Águia’. A esse sentimento e a essa dádiva eu chamo LUSITANIDADE, e nunca LUSOFONIA.” Quem são estes misteriosos elementos que se “identificam com os seus ideais de união”? Onde é que eles se encontram? É a eles que o autor pretende revelar o segredo da simpatia cósmica dos “lusos”, vedada aos pobres materialistas?
E, no entanto, ao contrário do Sr. Eduardo Amarante, que parece conhecê-la até abissais níveis de “boçalidade”, eu não conheço a lusofonia, porque a lusofonia não existe. Existirá, ou melhor, vai existindo. Para já, vive apenas enquanto projecto de uma possível comunidade cultural.
2 comentários:
Parece-me que estou de acordo com a sua ideia. A lusitanidade não impede a lusofonia.
Somos cidadãos portugueses, podemos integrar um MIL e sentirmo-nos cidadãos do mundo, simultaneamente, sem nisso haver qualquer contradição.
Repito:
Parece-me que estou de acordo com a sua ideia. A lusitanidade não impede a lusofonia.
Somos cidadãos portugueses, podemos integrar um MIL e sentirmo-nos cidadãos do mundo, simultaneamente, sem nisso haver qualquer contradição.
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