
O MIL tem acompanhado a mobilização para a anunciada Manifestação de 12 de Março, que decorrerá em diversas cidades do país. Tendo começado por ser uma Manifestação da auto-proclamada “Geração à Rasca”, temos verificado que a ela se juntaram, entretanto, os mais díspares movimentos cívicos, inclusive alguns partidos políticos, aqueles que, mais oportunisticamente, estão sempre prontos para parasitar os legítimos descontentamentos sociais – isto, sublinhe-se, numa Manifestação que sempre se assumiu como “apartidária”.
Entretanto, chegaram apelos para que o MIL se junte a essa Manifestação, dando-lhe a sua caução – apelos bem intencionados, não questionamos isso. Estávamos de resto à espera que tal acontecesse – dado que o MIL é uma das instituições mais prestigiadas da sociedade civil, que tem merecido o apoio expresso de algumas das mais relevantes personalidades do nosso meio cultural e cívico, é natural que a caução do MIL seja vista, cada vez mais, como valiosa.
Após consulta a algumas dessas mais relevantes personalidades do nosso meio cultural e cívico que estão vinculadas ao MIL – desde logo, o nosso Presidente Honorário, o Doutor Fernando Nobre –, a Direcção do MIL entende, contudo, que não pode dar a sua caução institucional a uma Manifestação que, não obstante os seus legítimos e generosos propósitos iniciais, não assumiu um programa reivindicativo claro e coerente, deixando-se, por isso, como seria expectável, contaminar pelos mais contraditórios propósitos, inclusive o de “demitir toda a classe política”.
Estamos solidários com muitas das reivindicações que motivaram esta Manifestação. Desde que existe, o MIL tem denunciado o “beco sem saída” a que chegou Portugal – tendo apostado tudo na integração europeia, pagou, para isso, o preço de aniquilar grande parte do seu tecido produtivo. Mas, mais do que contestar, o MIL tem defendido o necessário horizonte de viragem: a progressiva aposta, sem que isso implique a saída da União Europeia, no espaço lusófono, com todo o seu potencial, inclusive económico, que não tem sido, Governo após Governo, minimamente aproveitado.
O MIL defende a Mudança – mas através de reformas, não de forma revolucionária. A “demissão de toda a classe política” levar-nos-ia apenas ao caos e à vacuidade – o que será atractivo para alguns, mas não para nós. Temos tido um discurso muito crítico quanto ao nosso sistema partidocrático – denunciando quer a falta de visão estratégica dos partidos que têm sustentando os sucessivos governos, quer a indigência dos nossos partidos da oposição (de que a anunciada “moção de censura” do Bloco de Esquerda é apenas mais um sinal). Mais do que isso, temos tido uma acção coerente com o nosso discurso – por isso, por exemplo, apoiámos a candidatura presidencial do Doutor Fernando Nobre: pela sua condição trans-partidária e pela sua sintonia com a nossa aposta na Convergência Lusófona.
O MIL não ficará, pois, jamais em “cima do muro”, antes reafirma o seu propósito de uma intervenção cívica cada vez mais empenhada, assumindo-se, nessa medida, com um dos porta-vozes mais representativos e responsáveis da nova geração, desta que, justamente, se assume “à rasca”. Declaramo-nos, nessa medida, desde já disponíveis para, em colaboração com outros movimentos cívicos, promovermos outras Manifestações contra a situação em que vivemos – mas apenas à luz de um programa reivindicativo claro e coerente, que não se deixe contaminar pelos mais contraditórios propósitos.
MIL: Movimento Internacional Lusófono
www.movimentolusofono.org