A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Texto que nos chegou...

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DA MEMÓRIA…JOSÉ LANÇA-COELHO
VOLTAIRE: TRÊS RELAÇÕES POUCO CONHECIDAS


A historiadora Suzanne Chantal no seu livro A Vida em Portugal no Tempo do Terramoto informa-nos que Voltaire (Paris, 21.11.1694-ibid. 30.5.1778) era muito conhecido em Portugal, como por exemplo, quando afirma: «Em Valença do Minho lia-se Voltaire, Hobbes, Rousseau (…)» (1), ou ainda, de um modo mais lato, «[Em Portugal] As pessoas blasonavam de lerem Voltaire, de citarem Rousseau.» (2). Assim, gostaríamos de citar dois factos pouco conhecidos, que envolvem o nome de três mulheres, duas portuguesas e uma francesa.

Comecemos por Cecília Rosa de Aguiar, considerada a maior actriz portuguesa do séc. XVIII. Nascida na freguesia de Nª Sra. da Anunciada, em Setúbal, a 23 de Agosto de 1746, estrear-se ia no palco do famoso teatro do Bairro Ato, em Lisboa, com a tragédia de Nicolau Luz, intitulada Inês de Castro.

É curioso assinalar que, Cecília pertencia a uma família de artistas, de onde se destacam as suas irmãs, Isabel Efigénia de Aguiar, também actriz, e a célebre cantora lírica, Luísa Todi (Setúbal 9.1.1753 – Lisboa 1.10.1833), conhecida nos grandes palcos europeus.

A relação de Cecília Rosa de Aguiar com Voltaire, provém do facto de, serem duas peças deste último – Alzira e Zaira -, que a consagraram como a maior actriz portuguesa do séc. XVIII. Se esta relação tem grande curiosidade, sobretudo para o intercâmbio entre as culturas portuguesa e francesa no séc. XVIII, pensamos que a próxima é também interessante, não só atendendo aos mesmos parâmetros, mas, sobretudo, para reconhecer a influência da epistolografia portuguesa na literatura europeia dos séculos XVII e XVIII.

Falemos, então, da segunda personagem feminina que nos propomos abordar, de seu nome Mlle. Aissé (Circassia 1694 – Paris 1773), que se encontra ligada à literatura pela sua vertente de epistológrafa.

Não existe grande certeza quanto à data do seu nascimento, que parece ter ocorrido no ano de 1694, na Circassia. Filha de um chefe circassiano (povo caucásico que vive no noroeste do Cáucaso, junto do mar Negro e no norte da Turquia), a sua existência foi verdadeiramente rocambolesca a partir dos quatro anos, idade com que foi raptada por bandoleiros turcos que saquearam a casa dos seus pais. Em seguida vamos encontrar o seu paradeiro em Constantinopla, onde foi comprada pelo conde de Ferriol, na altura, embaixador francês naquela cidade, que a enviou para Paris, onde iniciou a sua educação, entregando-a aos cuidados da sua cunhada.

Anos mais tarde, destacar-se-à na corte francesa, pelos seus inúmeros atributos, de que se destacam, a beleza e a educação. Seriam, aliás, estes atributos que despertariam as atenções amorosas do regente, Filipe, duque de Orleans, às quais resistiu, dando provas de fidelidade pelo Chevalier d’Aydie, com quem se envolvera e de quem chegou a ter uma filha. É neste momento que se torna possível formular uma relação entre Mlle. Aissé e Voltaire, já que seria o grande pensador francês, em 1787, o primeiro editor das cartas incendiadas de paixão, que a referida cortesã trocou com o seu amante e com uma amiga confidente, de nome Mme. Calandrini.

Para além da relação estabelecida com Voltaire, estas cartas servirão para introduzir a terceira mulher que falámos no início destas linhas. As referidas cartas conheceram uma segunda edição, em 1846, da autoria de J.J. Ravenel, acompanhada de uma notícia de Sainte-Beuve (Boulogne-sur-Mer 23.12.1804-Paris 13.10.1869). Finalmente, em 1873, Eugéne Asse (Paris 1830-ibidem 1901), publicou em Paris, as cartas de Mlle. Aissé conjuntamente com as da célebre Soror Mariana Alcoforado(1640-1723), intitulando-se a obra Lettres du XVII et du XVIII siécle. Lettres Portugaises avec les reponses. Lettres de Mlle Aissé, suivies, etc. (Cartas dos sécs. XVII e XVIII. Cartas Portuguesas com as respostas. Cartas de Mlle. Aissé, seguidas, etc.).

Como é do conhecimento geral, Soror Mariana Alcoforado era uma freira portuguesa do convento da Conceição de Beja. Ignoram-se as razões objectivas que ligam o seu nome à obra do autor Lavergne de Guilheragues (Bordéus ?-Constantinopla 1864)que, no ano de 1669, procedeu à publicação da obra Lettres Portugaises (Cartas Portuguesas), como se se tratasse de uma tradução de cinco cartas originais portuguesas escritas pela referida freira, pelo que esta se tornou universalmente um símbolo literário do amor-paixão.

Voltando mais propriamente ao título da última edição referida, este mostra a importância decisiva que as cartas portuguesas tiveram na literatura epistolográfica dos sécs. XVII e XVIII. Por outro lado, - e era este o ponto que desejávamos acentuar -, só foi possível unir as cartas de Mlle Aissé e as atribuídas a Mariana Alcoforado, graças à edição das primeiras efectuada por Voltaire.


Notas:

1. CHANTAL, Suzanne, A Vida Quotidiana em Portugal no Tempo do Terramoto, ed. Livros do Brasil, col. A Vida Quotidiana, nº 23, Lisboa, s/d, p. 72.
2. Idem, id., pp. 196-7.

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