"Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida"
- Hilda Hilst, "Cantares do Sem Nome e de Partidas", I, in Cantares, São Paulo, Globo, 2005, 3ª edição.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida"
- Hilda Hilst, "Cantares do Sem Nome e de Partidas", I, in Cantares, São Paulo, Globo, 2005, 3ª edição.
2 comentários:
Alguém sabe mais sobre esta autora?
Sim, que foi uma mulher lindíssima e morreu alcoólica. Hoje é uma das referências fundamentais da poesia brasileira. Ah, é verdade, foi também uma excêntrica que escreveu, no meio de uma vasta obra poética, ficcional e dramatúrgica, uma trilogia pornográfica (ou não, como defende o Alcir Pécora, eminente professor da Universidade de São Paulo, especialista do padre António Vieira e de Hilda Hilst, com quem estive recentemente).
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