EM DORIDA HOMENAGEM A WALDEMAR BASTOS
J. A. Alves Ambrósio
Nesses dias, fui gentilmente convidado a assistir a um concerto que Waldemar iria dar no anfiteatro ao ar livre da Fundação Gulbenkian. Pudicamente, o cantor fê-lo apenas uma vez, mas Baguet, revelando a melhor amizade, não se coibiu de insistir na minha presença. Ademais, ver o artista a actuar era o que me faltava, razão por que honrei o convite e levei comigo o herói e Amigo Brandão Ferreira. O que admira que um dia, nas Canárias, ao artista (acompanhado de outros dois, cujos nomes ignoro) tivessem galvanizado os milhares que os ouviam, mas não sabiam uma palavra de Português? A espiritualidade não carece de idioma para mutuamente se exaltar, visto ser da ordem da quinta-essência intuitiva. Frente ao anfiteatro até se dançou e, no final, regressei a casa. Cheguei à Guarda de madrugada, às 3,30 minutos, mas a estima que sentia pelo cantor estava muito para além do atentado ao sono. Agora, farei todas as diligências para conhecer alguém de família a quem apresente fundas condolências. Conseguirei, claro. À sua excessiva grandeza humana, de que a artística era uma ilustração, é equipolente o nosso dever de preservar a sua memória.
(excerto)