A publicação, na
última década e meia, da obra poética, em boa parte dispersa ou inédita, de
autores como Rui de Noronha, João Fonseca Amaral, José Craveirinha, Noémia de
Sousa, Glória de Sant’Anna, Rui Knopfli ou Virgílio de Lemos possibilita, hoje,
uma visão do valor relativo de cada uma delas e esboçar um quadro da poesia
moçambicana da segunda metade de Novecentos diverso e mais compreensivo do que
aqueles que prevaleceram ou foram aceites até há algum tempo.
Com efeito, se
continua intocado o significado e o alto valor da obra lírica de Reinaldo
Ferreira, José Craveirinha ou João Pedro Grabato Dias, em contrapartida,
afigura-se, hoje, menos relevante a poesia de Fonseca Amaral ou Noémia de
Sousa, ao mesmo tempo que reclama nova compreensão e diversa avaliação o labor
poético de Rui de Noronha e avultam como figuras maiores autores como Glória de
Sant’Anna, Rui Knopfli ou Virgílio de Lemos, até há pouco incompletamente
atendidos e valorizados na sua singular originalidade e superior qualidade
literária.
(excerto)