Estas
considerações poderiam aplicar-se ao todo da interpretação do Mito em Eudoro de
Sousa: uma necessidade de sair de si mesmo para se fundir no que ele não é, e,
assim sendo, vir a descobrir uma englobância
especular, uma complementaridade transcendente. Mas isso equivale a declarar o pensamento de Eudoro de Sousa um erotismo filológico e não uma
‘filo-sofia’ meditativa, isto é, voluntariamente indutora da vida, capaz de ser
realizante do seu sentido.
E é essa
fixidez, essa cósmica permanência de tal êxtase, agora consciencializado como o
de puramente o dizer, ou o escrever, reorientando aliás psiquicamente o que são
energias de outra etiologia, que há-de neste seu supremo amor de o declarar
absolver o mito da sua enigmática força deixando-o no habitual, quase diríamos
ridículo, trovadorismo da cultura mental como tão só Mitologia.
(excerto)