Realmente, o
conceito Camoniano do Amor constitui aquela “energia luminosa”, a Luz da
Glória. É a “aurora ou aura”, é a “cousa amada”. É a Energia Universal que nos
próprios termos de Camões é a “flama viva”, “o nunca morto lume, do desejo que
queima e não se consome, é a potência de que se investe o Feminino, sem o qual
nada é, nada existe”. É o fascínio que envolve deuses e humanos, e que preside
ao “solve et coagula” das almas. Então o nauta (que é o viajante ou peregrino
que todos nós somos) senta-se no mesmo banco da sua Ninfa – ou Nereida, e
formando um só casal, comungam do mesmo amor, e… tudo isto, tendo por cenário,
a “Ilha Angélica Pintada”. É nessa visão (do fim da viagem) e após ela, que o
Nauta tem a “apreensão” e “compreensão” do Puro Amor. E a partir daí já não há
“retorno terrestre” para a alma insuflada à nascença no Ser, pois ela tendo-se
“unido” ao “seu gémeo” ou “dídimo” de Luz (ou aura) eterna, ela já é matéria
subtil, e sublimada, e não mais pó ou argila. E assim, a “Ilha alegre namorada”
e já sublimada, faz “logo movimento” e nela “levam a companhia desejada das
Ninfas”.
(excerto)