Já na fase final da paginação deste
número da NOVA ÁGUIA, faleceram três vultos maiores da nossa cultura – por
ordem decrescente de notoriedade: Manoel de Oliveira, Herberto Helder e Goulart
Nogueira. Sem embargo de voltarmos a eles em próximo números, não deixamos aqui
de os evocar.
MANOEL
DE OLIVEIRA (1908-2015)
Há
árvores, há oliveiras assim
Que
crescem até ao fim, de si
E
que caiem bem de pé
Filmaste,
lá bem do alto
As
nossas mais fundas raízes
Num
infindo travelling axial
Descansa,
agora, em paz
Nós
continuaremos este filme
Da
Filosofia da Cultura Lusófona
Renato
Epifânio
HERBERTO
HÉLDER (1930-2015)
Tão
grande não foste
Quanto
Pascoaes
Quanto
o Marão
Faltaram-te
as Asas do Anjo
O
Golpe d’Asa, talvez
A
Saudade, decerto
No
teu telurismo, porém
Não,
Maior, houve ninguém
Não
mais fundo ninguém foi
Renato
Epifânio
GOULART
NOGUEIRA (1924-2015)
Dentro de
mim, sempre trouxe
Portugal
como poema.
Honra e
fidelidade foram meu lema,
de braço ao
alto
vim pelo
caminho
— da Roma
antiga à Índia descoberta,
naveguei com
destino,
poema aberto
com versos
que se disseram
cara ao Sol,
giovinezza
como canto
e alento sem
fim.
Parti, sim,
mas fiquei
com meus
camaradas e amigos,
mais perto
de mim.
José Valle
de Figueiredo