A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Texto de Manuel Ferreira Patrício para a NA 7


Manuel Ferreira Patrício
MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA. LENDO O POETA À LETRA E… AO ESPÍRITO

Nunca o escritor antecipa o eco futuro de um seu achado, ou construção, ou criação verbal. É nesse sentido que ele é um criador, à imagem e semelhança de Deus. Lemos, no Génesis, a descrição do acto criador de Deus, deste mundo em que nos encontramos e que julgamos conhecer. No princípio Deus criou os céus e a terra (Génesis, 1, 1). O que não havia passou a haver. Não havia os céus, não havia a terra. Passou a haver os céus, passou a haver a terra. Aí estão, em si e para nós, e decerto para Deus, os céus e a terra. Criar é fazer passar a haver o que não havia. De onde veio? Veio do que não havia para o que passou a haver e agora há. Veio do que não existia para o que passou a existir e agora existe.
Escritores felizes são os que criam orbes, mundos de palavras que ficam. Não os havia antes, há-os agora. O acto criador do escritor instaurou-os, fê-los passar do estado de não-haver ao estado de haver, do estado de não-existir ao estado de existir. Passaram a estar aí. Acto genesíaco foi esse da sua instauração no mundo pelo escritor, pelo criador literário. Vejo uma espantosa semelhança, similitude, entre o acto criador de Deus e o acto criador do escritor-poieta – poeta, dramaturgo, filósofo, vate. É que o poder do acto criador explode na palavra. Segundo o Génesis, Deus criou pronunciando palavras. O escritor cria fazendo surdir no mundo palavras. Assim o mundo é o discurso de Deus, como a obra do escritor é o discurso deste. A eficácia do discurso de Deus é o vulto, e a fremência, do que há agora e não havia antes: o mundo criado, tal como a nós é patente e o Génesis descreve. A eficácia do discurso do escritor – chamemos-lhe Poeta, para nesta palavra ressoar o canto helénico das origens – é a voz com sentido que desde então entrou na nossa alma e nela se instalou.
Acto criador felicíssimo foi aquele de Fernando Pessoa que, à semelhança do Deus do Génesis, instaurou no que não havia o prodigioso mundo de seis (o número da criação) palavras/seis momentos/seis dias que passou a haver, acto criador depois do qual nunca mais nós, portugueses, fomos os mesmos: Minha pátria é a língua portuguesa. Andámos séculos a fazer a fazer a língua portuguesa – a criá-la –, até chegar o momento de ela se revelar como nossa pátria, de a cada um de nós se revelar como sua pátria.

(excerto)