SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA PEDAGOGIA PORTUGUESA
DA MEMÓRIA… JOSÉ LANÇA-COELHO
“ Em edição policopiada que foi distribuída a professores interessados pelo Centro de Formação Educacional Permanente (CEFEPE) saiu, em língua portuguesa, o artigo de Bonnie Barett Stretch sobre o desenvolvimento da chamada Escola Livre, também frequentemente designada pelos nomes de Escola Nova e Escola Comunitária, talvez menos próprios, visto poderem aplicar-se com mais propriedade a outros movimentos de carácter pedagógico.
Acentuando a sua natureza experimental, marca-lhes nitidamente como filosofia fundamental a de que a liberdade é o bem supremo da pessoa e que o homem, incluindo, naturalmente, a criança, tanto mais se realiza quanto mais livre é, e que só pode dar aborto de gente quem é dirigido, ordenado, manipulado. Por outro lado, e dentro do mesmo critério, não deixa de referir-se ao pensamento de Piaget, o célebre psicólogo de crianças há pouco galardoado com o Prémio Europeu de Cultura, de que brincar é o único assunto sério da infância; ideia que, quanto a nós, ainda deveria ir mais longe; se o trabalho no tempo contado tem sido a base das civilizações, tem sido o jogo, no lazer, o real alicerce das culturas.
O exame que faz da Escola de Santa Bárbara ou da de Santa Fé, uma na Califórnia outra no Novo México, ou da de Harlem, em Nova Iorque, é sempre objectivo, sem que o entusiasmo o arraste, mas também sem que deixe de mencionar os benefícios e sem que ponha em relevo as lições que dão e o muito proveito que tiram de seu estudo e acompanhamento as Fundações e os serviços oficiais de educação. E conclui, nas palavras de Peter Matin: “Alguém deve dar um passo para além das crianças, deve mover-se para além da sua própria alma; ou dar dois passos para além de seus próprios limites para dentro da paisagem de medo e possibilidades que as crianças habitam.” (Agostinho da Silva, Revista “Vida Mundial”, de 19/V/1972, p. 41)