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Parte 1
O fim da multiplicaçao do pão e dos peixes
A sociedade americana é uma sociedade de dívida: alta dívida individual, corporativa e governamental.
A explosão da divida americana possibilitou a alavancagem de grandes fluxos de capital subtraídos também de seu, anteriormente pujante, mercado interno (70% do PIB americano provêem do consumo). Estes fluxos de capital irrigaram a industria tecnológico militar e civil, permitindo uma superioridade global aos Estados Unidos que mesmo desequilibrou a estatuto bipolar herdado da II Grande Guerra, atingindo a vitoria final na chamada “Guerra Fria”, com o desmoronamento da antiga União Soviética, aprisionada dentro num sistema fortemente burocratizado e centralizado, incapaz de gerar os recursos necessários, para seguir a estela do grande despegue americano da década dos 80 e 90, que impulsionariam uma expansão do poder Imperial por todo o globo, com capacidade de intervenção rápida em todo o planeta.
No entanto este mesmo sistema, denominado na atualidade como “capitalismo financeiro”, altamente instável, volátil e especulativo, era um imenso castelo de naipes, submetido às inclemências do tempo: fortes ventos, sismos e maremotos.
Trás a crise de Setembro de 2008 – que marcará na historia da humanidade um antes e um depois, muito mais importante que o 11/S – assim como a subseqüente explosão da bolha imobiliário especulativa, esta espécie de multiplicação do pão e dos peixes, que são em realidade as finanças fraudulentas, chega ao seu fim.
O Império Global atingiu seu limite biológico, a Unipolaridade já não estará presente nesta nova fase de transição, onde por primeira vez desde que os portugueses chegaram a Japão, Ocidente vai perder o controlo do mundo.
A divida das famílias americanas, o triplo dos seus rendimentos, assim como a divida total americana, um 350% do seu Produto Interior Bruto (PIB), deverá ser reduzida no futuro pela desalavancagem do seu consumo e défice orçamental, respectivamente, a pesar das políticas da Administração Obama, guiadas pela pressão dos lobbies de Wall Street e industrial farmacêutico militar, encaminhadas a mais défice e divida, que precisaram só para este ano um pressuposto global de 2 milhões de milhões (trilhões) de dólares, que lhe permitam manter em pé o negocio das guerras, a especulação e o controlo das fontes de energia, alem da sua distribuição; a desalavancagem terá lugar, ainda assim, senão quiser em tempos vindouros chegar a um colapso econômico de inescrutáveis conseqüências.
Assim que ao estarem os consumidores americanos forçados a poupar o mercado interno também se contraíra, obrigando ao capital global a procurar novos mercados emergentes que substituam, ou paliem em parte, a baixa acelerada da locomotiva consumista americana.
O grande mercado asiático é sem duvida o mais adequado para esta transação, devido a seu dinamismo, volume e capacidade de gerar novos consumidores (Só a Índia tem criado nas ultimas décadas o equivalente a 300 milhões pessoas somadas a classe media do país); mas Ocidente não se fia muito e teme a reações do fortalecimento de potencias como China ou Índia.
Brasil pode aqui jogar um papel muito importante, se for corajoso e decidido, ao utilizar suas firmes alianças com Ocidente, nomeadamente os novos laços com França, e as estratégico culturais com Portugal, para alargar o Mercosul (degradado por problemas de coesão interna, e distintas realidades confluentes, que na sua lenteza compreensível – lembremos Europa chegou a um principio de Unidade só depois de três Grandes Guerras: Napoleônica, I e II Mundial – que dificulta a sua consolidação), e apostando por abrir um novo mercado mais ambicioso e dinâmico no Cone Sul, com a participação de Angola e Sul África, as duas outras grandes potencias regionais de este hemisfério , que dariam sentido a um mercado crível a nível mundial. Incluindo no seu devir a ligação através de Moçambique, pelo oceano Indico, com a grande potencia indiana. Isto reforçaria a necessidade de Brasil ativar com maior interesse a Comunidade Lusófona, nas próximas décadas, tirando beneficio de ele todos os membros de dita comunidade.
Os EUA enfraquecem, novos atores entram na cena global, medrarão, crescerão e se fortalecerão.
Novos modelos econômicos guiados pelos novos poderes superarão a “multiplicação do pão e dos peixes”, e o capitalismo das finanças finalmente será superado.
A Euro região Galiza – Norte Portugal, tem sumo interesse em que esse desloque hegemônico não vire para o Pacifico e sim para o Sul do Atlântico, dado esta Euro região ser a ponte natural entre a Lusofonia, as ilhas britânicas, e as auto-estradas marítimas que aportam a França e Holanda.
Enquanto o Império Global diminuí, grandes desequilíbrios, mas também novas possibilidades vão surgir, aqueles que saibam colocar-se no caminho correto, que marque o novo devir da humanidade tiraram grandes proveitos; e Galiza tem a oportunidade de reafirmando-se na sua própria língua e cultura ser um ator, unido ao Norte Português, de grande poder na Europa e no mundo. Haverá que correr riscos, mas como diz o dito popular: sem risco não há petisco.
Artur Alonso
Publicado no MILhafre:
http://mil-hafre.blogspot.com/2010/01/apostar-no-incerto.html
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