A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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domingo, 27 de dezembro de 2009

Passeando a pé pela Lisboa velha...





Passeando a pé pela Lisboa velha, encontrei a antiga igreja de S. Crispim e S. Crispiniano, os primeiros santos padroeiros da cidade (a par de S. Vicente, e depois destronados pelo Santo António agora 'popular'). Havia muita gente à porta: reparei num letreiro onde consegui ler 'igreja ortodoxa romena'. Entrei: corria uma cerimónia litúrgica, que a princípio me pareceu um baptismo. Um padre de vestes douradas e longas barbas cantava uma oração, acompanhado de homens e mulheres (os homens à direita, as mulheres à esquerda). A minha xenofobia instintiva fez-me pensar que os homens tinham um ar ameaçador, cabelos curtos, casacos negros. Havia crianças com a pele dourada dos ciganos, crianças ruivas e loiras de rosto eslavo e de rosto germânico; a lingua era aquela coisa estranha que parece um russo em que de vez em quando percebemos uma palavra; as mulheres usavam lenços na cabeça, saias compridas; ao contrário das missas católicas, as pessoas falavam umas com as outras, sorriam, reconheciam-se: uma criança desenhava no chão com canetas de cores em papel de embrulho. Ícones dourados em material barato, o Cristo senhor do Mundo. Romenos no meu país, imigrantes na Mouraria de Lisboa.

Dois rapazitos, um de cabelo asa-de-corvo e outro ruivo como um irlandês das lendas celtas, cumprimentaram-se. Teriam uns seis ou sete anos. Notei, com estranheza primeiro, que falavam em português. Havia naquilo tudo uma estranha ausência: demorei a perceber que era a ausência da 'cultura' ianque. Não havia bonés de baseball nem t-shirts de publicidade nem cosmética de 'sedução' nem o ar simultaneamente esfomeado e barrigudo a que nos habituou o 'Ocidente'. Estava em Portugal e estava na Roménia e estava na Europa e estava num mundo que reconheço como meu, mesmo que não reconheça a língua e os gestos - o sinal da cruz faz-se da direita para a esquerda, como uma vez aprendi em Atenas.

Pensei em várias coisas ao sair da igreja ortodoxa dos romenos: na Mouraria e em Lisboa e no meu país do Minho e Galiza e em Portugal e no mundo. No que é uma comunidade e no que é ser emigrante. Nesta coisa estranha chamada Europa e nos homens silenciosos de negro. No vazio a que os convidamos.

Casimiro Ceivães

Publicado no MILhafre:
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