A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma nota sobre um post

Uma nota ao texto do Clavis "Da vantagem do vegetarianismo..."

Não são muitas as pessoas que em Portugal têm na verdade uma dieta "à base de carne vermelha", a não ser que nisso incluamos as obscenidades que passam por hamburgueres, salsichas ou peitinhos de frango nas cadeias de fast-food. Mas essa é a ponta do iceberg de uma questão mais ampla.

Eu nasci num mundo em que a minha avó, que nunca ouviu falar de institutos de pesquisa, de vez em quando matava uma galinha e muitas vezes comprava umas sardinhas à peixeira da rua - mas o essencial da alimentação, por uma questão económica e por uma questão de saúde, era o trigo do pão e o leite da vaca (trazido pelos produtores), era o azeite e a batata, a couve e a fruta simples (e bichosa...) das árvores. Deve ser dramático ser um jovem urbano de hoje à procura de "causas" (mas não faltam elas - é verdade).

As alterações climáticas são outro tema que desde há muito (antes da moda lançada pelo Gore) me preocupa, e aliás ando há muitos meses a esquecer-me de publicar aqui um texto importante sobre isso. No contexto do post do Clavis, não devemos esquecer que a primeira alternativa que se apresentará ao consumo da carne será a monocultura intensiva da soja - enquanto se não desenvolver a produção industrial de plancton ou sintéticos. Vale a pena ler certos textos brasileiros sobre o assunto.

Por último (outra questão ainda) é certo que o vegetarianismo casa bem, digamos assim, com uma certa frugalidade de vida que sempre foi (justamente) considerada 'boa': o jejum ou a abstinência (alcool e carne), em várias formas e em diferentes graus, são conhecidos e recomendados por várias tradições espirituais, a ocidente e oriente. E a isso não é estranho o facto de o vegetarianismo como prática moderna ter sido introduzido na Europa por círculos ligados à Sociedade Teosófica ou à escola espírita de Kardec - curiosamente o mesmo público-alvo do anarquismo, da "protecção dos animais" e do cooperativismo, a pequena-burguesia urbana tão bem descrita por Marx (e, não por acaso, viveiro inconsciente mas não sei se inocente dos totalitarismos dos anos 30 e 40).

Dito isto, o que está centralmente em causa, do meu ponto de vista, é o de saber como conseguir retomar uma vida assente na vida, em vez de uma pseudo-vida (colectiva) assente nisto que temos, que é uma hiper-tecnologia material "compensada" por uma "fuga em frente" pseudo-espiritual; e esse, não outro, é o caminho que as sociedades ditas modernas estão a seguir (Portugal com elas).

E o fundamental é perceber que essa é uma questão muito diferente da de saber, em abstracto, se uma "vida simples" é ou não boa do ponto de vista ético, ou até a de definir rigorosamente, à maneira prescritiva dos teólogos, em que consiste essa 'bondade'. Quero dizer com isto que o problema prático não estará tanto nos fins como nos meios, e isso porque tendemos a esquecer, até ser tarde demais, as enormes consequências económico-sociais negativas de certas acções hipotéticas formalmente "boas" (como a de uma lei que proibisse o consumo de carne). As alterações radicais da sociedade têm um preço elevado - o momento da aterragem é um dos mais perigosos do voo.

No contexto deste blog, sinto-me tentado a esclarecer o óbvio: é claro que numa sociedade livre como a que talvez possamos fazer (e certamente desejamos activamente), as diferentes experiências de vida, quer se orientem para a imbricação em sistemas tecnológico-informaticos (ao género do Second Life..) quer se virem para a busca ou invenção de caminhos espirituais, só podem ser colectivamente (ou melhor: politicamente) encaradas da mesma forma simples com que o que devem ser as práticas, vivências e experiências afectivo-sexuais de cada um - uma zona privada, uma área de pura não-interferência da lei.

Mas se este princípio é simples de afirmar, deve ser notado - e normalmente também não o é - que a sua aplicação levanta complexíssimos problemas económicos, legais, éticos e sociológicos para os quais se deve evitar o recurso a uma fórmula simples voluntarista ou à "crença" numa predestinação ou ajuda mais ou menos "divina". Não creio que deva caber à lei combater o "pecado" (mesmo que seja o pecado pequenino e moderno da "obesidade"), e receio os profetas mais do que os pecadores. Receio, principalmente, os inquisidores que sabem onde mora o mal.

P.S. Um dos meus grandes amigos é vegetariano convicto - e come um hamburguer por dia. Está pronto a prescindir dele se alguém lhe duplicar o salário de quatrocentos euros por mês, ou se convencer o call-center a instalar-se ao lado de sua casa. Deixo aqui o apelo aos compassivos.

19 comentários:

Clarissa disse...

:)

Beijinho... Casimiro.

Clarissa disse...

As alucinações do Gore estão desmentidas por alguns dos melhores cientistas. Não negando a poluição, as alterações climáticas estão a corresponder a um período natural, e cíclico, da vida do planeta.

Agora vou lanchar uma tosta com queijo fresco e um sumo de laranja. Não sei que dieta será, o meu apetite é sem filosofia... :)

Jo disse...

"receio os profetas mais do que os pecadores. Receio, principalmente, os inquisidores que sabem onde mora o mal."

Nem mais.

Beijinho, Casimiro! Grande texto.

José Pires F. disse...

Também gostei. Vou continuar a comer o meu peixe e a minha carne com a consciência tranquila. Foi assim que aqui cheguei e quero partir bem.
Já agora: também gosto de comer bifanas à porta dos estádios de futebol e sou adepto da Festa.
Eu pecador me confesso.

Abraço Casimiro.
Beijinho Clarissa. Saudades…

Rui Martins disse...

bem, Gore lá terá a sua agenda própria e não é completamente altruísta, não o neguemos...
mas o problema do Aquecimento Global, assim como os decorrentes do consumo regular de carne, especialmente, da dita vermelha.
Um e outro factor, apontam para a necessidade de uma alimentação tendencialmente vegetariana.
Quanto a totalmente... é diferente. Se não for bem feita, pode ter consequência fatais.
E aqui, como em tudo, há que ter cuidado com os literalismos ou os fanatismos, claro.

Paulo Borges disse...

Eu nasci num mundo semelhante. Não sou é tão voluntariamente ignorante quanto às alternativas vegetarianas, nem quanto ao facto de que ninguém pretende a proibição do consumo de carne, mas sim a promoção de alternativas ao mesmo, para quem quiser.

Será que algo desta ordem pode ser privado, quando as consequências negativas do mesmo são públicas?

O resto é pura maldade elegante, na sua linha habitual.

Casimiro Ceivães disse...

Clarissa e Mariazinha, um beijinho retribuído.
Amigo Pires, eu passo na bifana mas só por causa do estádio :)

Clavis, obviamente. Venha a alimentação saudável, e as cidades e a economia que a permitam.

E - vejam como as coisas são: houve em tempos um grupo americano "pro-vida (animal)" que apenas pediu fosse feita UMA mudança na lei: que os matadouros passassem a ter paredes de vidro.

Eu essa votava a favor.

Casimiro Ceivães disse...

Tem graça, Paulo.

Lembrou-me uma frase do Corvo, (The Crow, o filme):

"E o diabo viu como é terrível a bondade".

José Pires F. disse...

Temos é de ir à bola.

Meu amigo, como calcularás, percebo tanto de vegetarianistas convictos que comem um hambúrguer por dia, como estes devem perceber o que é um belo peixinho.

Há uma palavra que se soletra, salvo erro, assim: equilíbrio. A uma pessoa que estuda, o equilíbrio não é algo que faça muita falta. Porém, a um transeunte, que é o que eu sou em relação a todas estas merdas e assim coisas parecidas a estas, equilíbrio tem um sinónimo: oxigénio. Ora, eu não tenho argumentos para contrariá-lo. Os que tenho são apenas instâncias de autoridade, como lhes chamava não sei quem, útil instrumento de vida que foi referido e esmiuçado num excelente texto do Eduardo Prado Coelho que li não sei onde, mas uma coisa te digo; ninguém coze peixe congelado como eu, é uma técnica que desenvolvi durante anos e anos, capaz de tornar o redfish mais baratuxo do Pingo Doce num sargo apanhado à cana no Cabo Espichel.

Não, não digo aqui, não quero na consciência o peso de ver alguém mudar as suas convicções.

Abraço.

Clarissa disse...

Ó Casimiro, tu és um maldoso elegante? Isso é de deixar uma mulher perdida... :)

Clarissa disse...

Beijinho, Pires.
;)

Paulo Borges disse...

E qual o problema do anarquismo, da teosofia e do espiritismo? Serão piores do que ser liberal, gótico ou do Sporting? Pelo menos renovaram uma antiga e nobre tradição ocidental, a órfico-pitagórica, e reassumiram uma ética fundamental a respeito de todos os seres sencientes.

A parvoíce ou a maldade é pretender ignorar a nobreza dos fundamentos ético-filosóficos e espirituais do vegetarianismo e argumentar sociologicamente: para isso Marx já serve...

Se não conseguem ver mais longe do que a estreiteza do vosso antropocentrismo, paciência! O que porventura não suportam é que, numa perspectiva ética, são e serão eternamente derrotados. Há um mundo e um paradigma novo que desponta e vocês são e serão os eternos Velhos do Restelo, sem a sabedoria do camoniano. Fiquem com as vossas tradiçõezinhas tristes, divirtam-se à custa da dor de seres sencientes como vós e riam-se como alarves, para o aplauso das pin-ups pacóvias!

Beijinhos, tótós!

Clarissa disse...

Comentário digestivo: faz rir, bem ao peito e à barriguinha.

Clarissa disse...

E não pense vir meter-se comigo, porque eu também sou punk, e mais alta e forte que o Ruela, e tenho um moicano que vai até aos rins!

Maria Afonso Sancho disse...

Cuidado com a soja meus queridos vegetarianos e vegan!
Só a soja bio de restrita procedencia ainda se aproveita.
Depois de muito estudar sobre alimentação parece-me que o respirovorismo é a anica solução acertada para se respeitarem os seres sentiantes.
Porque as plantas ate gostam de certas musicas e de que falemos com elas... alem de serem seres muitissmo evoluidos no Amor.
abraço MIL

Clarissa disse...

E que ninguém venha dizer-me que este blogue não tem interesse...

José Pires F. disse...

Estou aqui para dizer que voltei a ler Oliveira Martins. Acho que é um ponto importante, pelo menos do meu ponto de vista, que gostava que fosse também o vosso, que pensassem, «porra, este gajo é espectacular, além de não estar muito gordo, ele lê Oliveira Martins, porra, espectacular»... Vivo com este receio, que me conheçam sem ter presente que eu leio Oliveira Martins. Já não é mau saber quem é Oliveira Martins, mas eu não me fico por aqui. Eu efectivamente leio Oliveira Martins, do principio ao fim e sei que ele tinha uma grande barba.
Dois ou três anos depois de ter lido Oliveira Martins pela última vez, é já com um sorriso despreocupado que descubro que continuo a não saber o significado de 13 palavras por página e que metade da informação que o coitado do Oliveira Martins supõe que eu já saiba ou absorva enquanto o leio, respectivamente, nem sonhe do que é que ele está a falar ou não entenda o que é que ele quer que eu perceba do que ele está a tentar dizer. Nada disto me impede, no entanto, por um lado, de o ler com prazer, por outro, que retire benefícios sociais de andar com um livro do Oliveira Martins.

José Pires F. disse...

PS: Outra coisa; não sou pessoa de me meter na vida dos outros, mas acho que o Sporting devia contratar 17 jogadores quando o mercado reabrir em Janeiro: dois guarda-redes, um defesa direito, um defesa esquerdo, três centrais, dois trincos, 4 extremos, um organizador de jogo, dois avançados e um caceteiro. Penso que não será necessário ir além disto.

Clarissa disse...

De bola não percebo nada, mas sempre desenjoa...

Vou dormir que isto é só gente parva que confunde Portugal com o próprio cu e o quiche de espinafres.