A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Crescimento Zero: Um novo paradigma económico?

Tradução livre de "Maior não é melhor" do economista Peter A. Victor

Não há nada como uma boa crise para nos fazer pensar sobre ideias antigas. A Depressão de 1930 levou à rejeição da ideia então prevalecente de que o desemprego se corrigiria sozinho somente se as pessoas trabalhassem por salários mais baixos. Estas ideias foram derrubadas pela experiência e pela invenção da Macroeconomia moderna por John Maynard Keynes. Na época do fim da Segunda Grande Guerra, a maioria dos governos ocidentais tinham adoptado políticas económicas keynesianas de forma a garantir níveis mínimos de desemprego.

Os economistas keynesianos concluíram que o pleno emprego, hoje, produzia uma economia maior, amanhã, porque algum do investimento necessário para manter baixo o desemprego: infraestruturas, construção e equipamentos também aumentava a capacidade produtiva da Economia. E o mesmo efeito tinham uma população em expansão e uma força laboral crescente. Inicialmente, os governos desejavam o crescimento económico como forma de manter o pleno emprego, mas na década de 50, o crescimento económico tornou-se o objetivo número da política económica e todos os outros, como a produtividade, a inovação, a competitividade, e até a educação tornaram-se em simples meios para alcançar esse fim último do crescimento.

Os economistas neoliberais rejubilavam de contentamento até 2007 altura em que o colapso do mercado imobiliário norte-americano deu indícios claros de que algo estava mal no paraíso neoliberal... E que as peças de dominó iam começar a tombar, umas a seguir às outras. As falências dos bancos especializados no imobiliário, arrastaram seguradoras como loucamente aventureira AIG e grandes bancos como o Bank of America e o Citigroup. A Globalização (outro "filho querido" dos neoliberais) encarregou-se de propagar rapidamente, pelo mundo fora, a crise, transformando-a na recessão que agora vivemos. A necessidade keynesiana de "estimular" as economias tornou-se consensual em todo o mundo, em todos os governos, alinhados ou não à Esquerda ou à Direita. O "pensamento único" que negava o direito à intervenção direta do Estado nas economias, mudou de sentido e tornou-se quase sacrossanto.

O problema é que a solução de Keynes não é adequada aos tempos modernos. A população mundial já triplicou três vezes desde a sua época, e a Economia mundial já se multiplicou por dez, no mesmo período... Um e outro factor significam que estas a exercer uma pressão inédita sobre os recursos limitados do planeta e a emitir mais emissões para a atmosfera do que em qualquer outro período da História. Talvez tenha chegado o momento de colocar em causa o modelo que advoga uma expansão permanente da Economia...

Uma solução intermédia ou de transição poderá ser converter a Economia atual numa "Economia Verde" em que se mantém o paradigma de "crescimento económico" contínuo, mas se reduz o consumo de bens e matérias-primas, através de uma produção mais eficiente de energia e bens manufaturados e pela redução do consumo privado e público. Estas medidas podem servir num período mais imediato, mas a prazo não resolverão o "problema" de termos apenas uma Terra para consumir. Mais cedo ou mais tarde , teremos que mudar o paradigma económico e repensar a relação da Humanidade com a Natureza.

Uma solução de maior foco poderá ser a "Economia Ecológica" que encara a Economia como um subsistema do ecosistema terrestre, sustentada por um afluxo constante de materiais e energia. Estes fluxos não podem ser ignorados, como faz a Economia convencional que ignora completamente a integração com o Ambiente e que julga a "protecção ambiental" como um entre muitos outros "custos".

É possível manter num país moderno o pleno Emprego, baixos níveis de Pobreza, reduções nas emissões dos gases com efeito de estufa e orçamentos equilibrados num tal modelo de economia? Isto é, sem Crescimento contínuo? Há varias soluções - propostas desta a concepção do conceito "Crescimento Zero" na década de 60 - desde:
1. Uma jornada de trabalho inferior para reduzir o Desemprego sem perder as vantagens do progresso tecnológico. O Tempo Livre remanescente deve ser gasto em fortalecer os laços familiares, dedicando mais tempo às crianças e consumindo e produzindo Bens Culturais (imateriais) de todos os tipos.
2. Um "preço de Carbono" a cada produto de forma a desencorajar as emissões de gases com Efeito de Estufa. Este preço deve constar em cada etiquetagem e sempre de forma separada do preço regular, de forma a instruir cada consumidor sobre a escala da sua Pegada de Carbono e a racionalizar os seus hábitos de consumo.
3. Programas anti-pobreza muito generosos, para estimularem o Consumo e melhorarem a qualidade de vida.

Neste novo modelo de Economia, o sucesso seria medido mais pelo Bem Estar pessoal e comunitário do que por métricas abstratas de crescimento económico. Nesta Economia, seria mais importante o consumo de serviços, culturais, médicos ou de puro lazer, do que o consumo "bruto" de bens e equipamentos. E os Bens consumidos seriam mais privilegiados se duradouros e resilientes do que se estivessem de acordo com o "design" do momento ou a última moda tecnológica (desnecessária, como o Blue Ray ou o HD-DVD). O Uso e a Necessidade seriam mais importantes que o Estatuto Social na escolha de um dado Bem. Só assim o Consumismo desregrado das sociedades modernas poderia ser estancado. Tendo que ser radicalmente alterados os paradigmas que impulsionam o mundo da Publicidade, tão virado para o cego Consumismo e para a promoção de ocos padrões de Estatuto...

Infraestruturas, edifícios e todos os mais diversos tipos de equipamentos devem ser concebidos a pensar na eficiência energética e na sua durabilidade e resistência e não em função de fátuos Modismos. Todo o Consumo deve favorecer a produção Local e não a Globalização com extensos, anti-ecológicos e desumanas cadeias de produção e distribuição.

15 comentários:

Paulo Borges disse...

Isto é fundamental. A questão é que não parece poder implementar-se sem uma profunda mutação da relação mental e emocional que a esmagadora maioria dos homens tem em relação aos "bens" de consumo, procurando na sua posse a felicidade. E esta mudança não se instala por decreto. A única via que conheço para isso é a meditação, analítica e/ou contemplativa. O que exige a disciplina e o esforço pessoal que a mesma esmagadora maioria da humanidade não compreende nem deseja em absoluto. Sendo assim, não antevejo nada de bom para os próximos tempos... Veja-se, de Gilles Lipovetsky, "A Felicidade paradoxal. Ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo".

E qual o futuro da vossa Convergência Lusófona senão o de uma Convergência Consumista?

Edson Pelé disse...

De reizinho a advogado do diabo.

Rui Martins disse...

sem dúvida: a mudança de atitude mental perante a vida é fundamental para reformular a economia e a sociedade: qualquer revolução tem que ser primeiro interior para depois, poder ser exterior...

Não vego a ligação entre
Convergência Lusófona e
Convergência consumista...
Lusófono => consumista?
Não compreendo.
Francamente.

Paulo Borges disse...

As nações lusófonas ainda estão a muito menos de meio caminho da curva ascendente do consumo... Desvantagens dos povos subdesenvolvidos: ainda sonham com o que para os outros já se revelou um pesadelo, mesmo que dele não queiram abdicar...

O único móbil que pode aproximar as nações lusófonas é o capitalismo. Isso é triste e nada tem a ver com o sonho de Agostinho da Silva. O único exemplo que ofereceremos ao mundo é o do que não se deve fazer.

Edson Pelé disse...

O único comentário possível é risada mesmo.

José Magalhães disse...

Caro Edson Pelé, diz que o riso é o único comentário possível. No entanto o que eu vejo é um post muito interessante e comentários pertinentes e inteligentes do Paulo Borges (como é habitual). Não sei onde é que está a piada. Pode-me explicar?

Edson Pelé disse...

Vai ter que esperar, minha risada vai durar pelo menos o resto da semana. Enquanto espera, leia o jornal, é sempre boa leitura econômica, há até quem tenha concluído doutoramento lendo o jornal...

Edson Pelé disse...

A propósito, adorei seu artigo acima, fenomenal...

Edson Pelé disse...

E me senti instruido com tudo o que você explica do experimento de Asch, é raro encontrar alguém tão a par das mais recentes inovações científicas, ainda por mais com tão forte influência na economia, estatística e política...

José Magalhães disse...

Obrigado!

Edson Pelé disse...

Não tem de quê. Conte sempre com a minha disponibilidade pra esclarecer um pensador profundo...

José Magalhães disse...

"disponibilidade pra esclarecer um pensador profundo..."

???

Edson Pelé disse...

Sempre, pensador, pensamento, ao dispôr.

Maria Afonso Sancho disse...

No meu universo ja anda muita gente a viver calmamente em permacultura. E bem mais feliz por se ter libertado do jugo consumista.
Ainda este fim de semana estive com uma familia, de 4 gerações, que deixaram Lisboa e se estao a instalar nas varias casas simplississimas de uma quinta.
Sentem-se libertos e entusiasmados pela nova aventura.
Em 3 semanas o aspecto dos que ja se lah instalaram melhorou muitissimo.
Em Lisboa pareciam fantasmas. Na quinta o holograma do corpo deles voltou a ganhar força.
Viver parcamente em permacultura, em comunidades autonomas e sustentaveis, eh uma libertaçao.
Serah a unica libertaçao que a sociedade nos oferece hoje?

Maria Afonso Sancho disse...

"Só assim o Consumismo desregrado das sociedades modernas poderia ser estancado. Tendo que ser radicalmente alterados os paradigmas que impulsionam o mundo da Publicidade, tão virado para o cego Consumismo e para a promoção de ocos padrões de Estatuto...

Infraestruturas, edifícios e todos os mais diversos tipos de equipamentos devem ser concebidos a pensar na eficiência energética e na sua durabilidade e resistência e não em função de fátuos Modismos. Todo o Consumo deve favorecer a produção Local e não a Globalização com extensos, anti-ecológicos e desumanas cadeias de produção e distribuição."

Disto eu gostei mesmo muito!
Obrigada.