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ÉTICA, ESTÉTICA E POLÍTICA EM EDUARDO SOVERAL (excerto)
Pedro Calafate
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No caso da concepção da sociabilidade humana num contexto histórico e existencial, sublinhou sempre a questão das nacionalidades e das culturas nacionais, pois, se a liberdade individual é o valor ético e político supremo, afirmado ao longo do processo de elaboração da filosofia moderna, tornava-se imperioso saber como conciliar a valor único da pessoa humana com a ideia de nação, ou seja, com a existência de comunidades vivas, dotadas de projectos comuns, testadas ao longo tempo pela gravidade das situações vencidas. Se o individualismo contratualista apontava mais para a ideia abstracta de humanidade do que para a ideia bem mais existencial de nação, Soveral assume-se, por isso, como herdeiro do movimento romântico e regressa ao dinamismo da afirmação dos contextos nacionais. Diz, então: «Aquilo que há a salvaguardar é a liberdade nacional e isso melhor se consegue num regime personalista do que num regime individualista», pois se torna mais fácil conciliar os «particularismos nacionais com os valores humanos universais»[1]. Por outro lado, diz ainda Soveral, a nação é «aquela entidade colectiva global onde a terra, o sangue, o universo cultural inscrito numa língua se interpretam ao longo da história e se projectam no futuro como inevitáveis determinantes da sua maneira de ser e de estar no mundo»[2].
Esta a razão por que, muitas vezes, Soveral se insurge contra concepções da história assentes em «utopias radicais uniplanares», elogiando antes a «concreta e pluriforme vida colectiva, tal como a tradição a inspirou e a profunda afectividade popular a deseja», na qual poderá inscrever-se, de modo viável e gratificante, a vida pessoal de cada um.
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[1] Eduardo Soveral, «Relações entre Ética e Política», Op. cit., p. 79.
[2] Eduardo Soveral, «O Princípio da Liberdade Individual e as suas Condicionantes Éticas e Estéticas», in Op. cit., p. 87.
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