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Por umha hora galega
José Manuel Barbosa
Som as 7:00 da manhá e soa o relógio que me indica que o prazer de estar nos braços de Morfeu (que nom do “mais feio”) acabou. Com muita vontade de continuar a dormir tiro a roupa da cama e tento como posso pôr os pés no chao sem poder evitar que me tremem as pernas que nom me respondem e o esforço que fago para começar o novo dia (dia?) som titânicos. Posteriormente e após de ajeitar o meu rosto perante o espelho a algo parecido a um sorriso vou ao chuveiro onde vou despertando, mas algo me diz no meu interior que isto que fago todos os dias é um contra natura. O meu coraçom late a umha velocidade maior do normal, os meus olhos pedem obscuridade, as minhas pálpebras pesam e quando apanho o carro para deslocar-me ao meu centro de trabalho ainda é noite fecha. Só quando estou a chegar ao meu destino é que sai o sol. [+...]
O meu relógio biológico comunica-me por meio dumha grande sensaçom de cansaço, por umhas amplas olheiras e por umha tensom arterial que nom é a que deveria ter que estou a fazer algo incorrecto, e nom tenho forma de evitá-lo a nom ser que mande o trabalho ao c......., por aquilo de que “se o trabalho é saúde, que trabalhem os doentes”. Em fim, nom tenho muita vontade de ficar no desemprego, e comer há que comer todos os dias (grande ditadura essa de comer!!). Por isso o meu pensamento racional me leva a acreditar na ideia de que em qualquer momento a minha saúde vai dar sinais de aviso nestes meses de inverno e com isso necessite dous ou três dias de recuperaçom com umha terapia de sono que vai provocar um gasto à administraçom que somado a outros tantos casos como o meu fagam com que a mudança horária à qual os galegos estamos submetidos sirvam para perder milhons de Euros por absentismo no trabalho. Bem pouco inteligente, por anti-ecológico e anti-natural esta forma de ordenar as cousas, tudo isto num Estado ocidental como é o espanhol que se apresenta ao mundo como adiantado, ordenado e avançado.
O INEGA (Instituto Energético da Galiza) organismo vinculado à administraçom, indica que a mudança horária no nosso país só nos permite poupar um 1% do consumo eléctrico no sector serviços e no doméstico, muitíssimo menos do que poupa, por exemplo, Catalunha, país onde sai o sol quase ¾ de hora antes do que na Galiza. Em troca se os galegos tivermos umha hora oficial igual do que a República Portuguesa, Canárias ou a República de Irlanda, a poupança seria de quase um 10%, segundo diz a Comissom Nacional para a Racionalizaçom dos Horários Espanhóis (CNRHR). Os inconvenientes desta adequaçom horária dentro da Espanha viriam por razons de operatividade nos transportes, nas telecomunicaçons e nos mercados, mas esses mesmos problemas existem em países de territorialidade ampla como é o caso do Canadá, os EEUU, o Brasil, a Austrália ou a própria Rússia, sem nomearmos o exemplo próximo das Ilhas Canárias que estám dentro do Estado Espanhol... e nom se passa absolutamente nada.
Voltando a umha argumentaçom ambientalista e naturista temos que dizer que a sincronizaçom dos relógios solar, oficial e biológico só traz vantagens dum ponto de vista da saúde e portanto da economia relacionada com o gasto no sector sanitário. Os ritmos biológicos humanos, a segregaçom hormonal segundo -e seguindo- a luminosidade natural do ciclo diário faria com que as nossas jornadas laborais ganhassem em rendimento e com isso evitarmos o dano que causa a má adequaçom dos ciclos da melatonina e outras hormonas que seguem um ritmo harmónico com o giro do planeta. A correcta harmonia das funçons orgânicas como som a respiraçom, a vigília, a tensom arterial faria com que a nossa qualidade de vida se visse acrescentada muitos pontos, o nosso bom humor polas manhás se visse favorecido –também por isso o resto do dia- e portanto a produtividade atingisse mais altas quotas em benefício nom só dos nossos chefes e superiores laborais –é o capitalismo!!!-, mas também em benefício do nosso país.
Se a Galiza se adequar ao ritmo horário natural concorde com a sua posiçom dentro do planeta, o nosso país ganharia em saúde, em riqueza económica e em alegria mas para isso seria necessária umha pequena dose de independência moral e um pouco menos de bobagem centralista que nos levaria a umha maior e melhor racionalidade, melhor qualidade de vida com melhores relaçons sociais, laborais, familiares, associativas e um melhor rendimento da nossa produtividade. A ansiedade provocada pola adaptaçom ao horário espanhol, a fadiga, os problemas cardiovasculares e um absurdo acréscimo do gasto farmacêutico nom nos levam por um bom caminho. O nosso corpo seria agradecido connosco tanto do ponto de vista físico como psicológico e voltaríamos, por exemplo, à tradicional “comida das 12:00” como nos diziam os nossos avós e bisavós, aos almoços em família, com tranquilidade e com tertúlia prévia à saída para o trabalho pola manhá cedo, como antes e as ceias a umhas horas que nos permitissem ter o corpo preparado para quando nos deitarmos (lembremos aquilo que diz o meu pai ainda hoje: “de boas ceias estám as sepulturas cheias”).
Mesmo há pessoas que devido ao começo da jornada de trabalho muito cedo dum ponto de vista biológico, às vezes antes da saída do sol, nom ingerem absolutamente nada de manhá ao nom estarem preparados os seus corpos para qualquer refeiçom, o qual fai com que se chegue ao trabalho falto de energias e seja necessário perder um tempo adicional para fazer um pequeno almoço que em nengum caso é o mais acaído em qualidade e em quantidade para jornadas de oito horas ou mais nas que o rendimento deve ser mais e melhor do que na realidade é.
Quem isto escreve pode falar em muitos casos deste tipo como exemplos ao comprovar como os alunos de Educaçom Física nom podem render adequadamente quando à primeira hora da manhá é de exigência cumprir um programa de trabalho físico e ginástica que nom pode ser cumprido ao 100% (às vezes nem ao 50%) por causa da falta de alimento por parte de muitos alunos cujo corpo nom aceita a ingestom de nada sólido a horas excessivamente temporás.
Adequando-nos aos ritmos naturais as cousas ajudariam à manutençom do corpo dumha forma muito mais em harmonia com o ciclo vital diário. Os benefícios seriam visíveis se adoptarmos a hora galega à qual se adequavam estes nossos velhos ainda nom há muito tempo fazendo caso omisso da ditadura da hora oficial que já desde há quase um século é hora oficial espanhola que nada nos traz de bom. Mal costume é esse de olharmos um umbigo que neste caso nom é o nosso, mas um que está em Madrid, e ao qual estamos obrigados a olhar por imperativo legal.
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quinta-feira, 13 de agosto de 2009
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3 comentários:
Eis porque a Galiza, para os galegos, não é uma mera questão linguística...
Tem a ver com a própria vida...
Apenas as grandes pessoas têm o dom de uma sensibilidade grande.
Abraço, Renato
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