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Por Artur Alonso (*)
Portugal precisa mudar sua mentalidade. Precisa para ser ciente da realidade vital na que esta envolto, e que lhe esta a abrir múltiplas oportunidades, a esta nação irmã dos galegos, para ter um peso decisivo no mundo que se avizinha. Portugal deve rematar seu pessimismo psicológico e seu saudosismo, sua letargia, seu auto-ódio. Galiza também tem de seguir o mesmo rumo de mudança, pois padece dos mesmos males, no entanto a diferença de visão e focagem histórica da quais estes surgiram.
A Lusofonia abre para ambos os países um abano de possibilidades. O chamada “cultura hispana”, por exemplo, esta a ter um desenrolo no mundo sem precedentes: O espanhol como língua global praticamente assegurou a sua presencia, a dia de hoje, na cena mundial. O sustento porem da hispanofonia, só tem uma nação economicamente desenvolvida e com capacidade para levar a frente tal projeto, a Espanha, que, no entanto o esta fazer neste campo melhor que a própria França.
Na Lusofonia as potencialidades são maiores, Brasil não só tem presença em todos os foros mundiais, senão que ainda a sua fortaleça como nova potencia emergente, lhe faz possuir um papel intermediário, entre os distintos organismos e organizações internacionais, que são as encarregadas de mudar o mundo. O Brasil é a potencia motora da América do Sul, Lula da Silva tem sido o primeiro presidente a ser recebido na Casa Branca por Barack Obama, o país é membro do BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia); e tem um papel determinante na economia e nas finanças globais.
Angola é a dia de hoje uma potencia no cone Sul da África e Portugal é uma das 30 primeiras economias planetárias. Com todo este elenco de forças e capacidades de tecer inúmeras relações e alianças necessárias, como é que Portugal segue a viver na exuberância do fatalismo?
Portugal deve avançar. Galiza tem de se encontrar ainda. O caminho de ambos esta marcado pelas ligações atlânticas e centro peninsulares que se remontam a pré e proto historia. A mesma língua galega tem uma oportunidade de ouro no novo Acordo Ortográfico, para de uma vez por todas assegurar a sua sobrevivência e desenrolo saudável, mas ainda tem que mudar muito a mentalidade herdada de épocas pretéritas. Tanto as elites culturais e políticas galegas, como a mesma cidadania, devem reformular o paradigma vital no que estão mergulhadas. Para conseguir dar esse passo, é preciso acometer uma revisão critica. No entanto cada vez são mais as vozes ilustradas que no país de Breogam chamam a unidade cultural como a lusofonia; principio adequado para tirar o carro da lama.
A roda do futuro esta a caminhar e nós, simples seres humanos, não devemos travá-la, senão sofreremos a sua esmagadora inércia, e a veremos passar por cima das nossas cabeças.
O futuro esta a conformar alianças culturais que avançam com maior força mesmo que as unidades políticas (vejamos o exemplo da União Européia ou o Mercosul).
Pode ser que o debate do Acordo Ortográfico gere em Portugal muita divergência, e inclusive podem ser e seguro serão muito validas as opiniões em contra; mas o comboio do futuro se assoma uma vez, e depois passa de longo. Não volta mais, se Portugal perder esta oportunidade, seguira a ver o sucesso da Espanha como certa inveja e incompreensão, pois grande parte de esse sucesso se deve a união ortográfica que o mundo hispano conseguiu nas passadas décadas e que tem beneficiado extraordinariamente a extensão do Espanhol no mundo, alem da interação entre os paises hispanos, aos quais ajudou a quebrar a sua desconfiança mutua, e forneceu, entre eles, parcerias nunca antes vistas.
A lusofonia pois pode e deve seguir um caminho similar, ainda que mais inovador (possibilitado este por um melhor equilibro de forças) e através do Acordo afirmar o português com a força global que ele merece.
Portugal, Angola, Brasil... tem a mesma capacidade para criar um cinema a altura do hispano, para criar uma rede editorial do mesmo volume, para afiançar Institutos e Organismos Internacionais de difusão do Português como o mesmo sucesso do Instituto Cervantes. Alem de agora beneficiar dos erros cometidos por outrem, e poder melhor agir, iniciando uma política de compartilhar espaços com outras línguas que lhe dêem um selo próprio ao português, e a Lusofonia, de parceiro aberto e sincero; renunciado a políticas “novo imperiais”, tal como o Brasil muito bem soube fazer, a nível comercial, na América do Sul.
O futuro da Lusofonia é promissório. Os galegos também vão beneficiar disso ao partilharem uma mesma língua. Quanto mais avançar a Lusofonia mais avançar na Galiza o galego, quanto mais avançar a Galiza mais avançar a Lusofonia, pois o país galego possui, ao igual que o irmão luso, um grande potencia tecnológico, humano, cientifico, e mesmo empresas que hoje são ponta de lança a nível internacional como Zara ou Pescanova.
Mas para isto, ambos os irmãos: Portugal e Galiza, Galiza e Portugal, tem de trocar de psicologia. Podem e o vão fazer... Simplesmente nós cidadãos da rua, vamos a votar uma ajudinha: devemos de começar a sentir-nos muito mais a vontade, ser mais felizes, saber que podemos melhor realizar-nos, e viver a alegria de formar parte dum processo histórico, que nos fará mais inteligentes, mais sãos, sábios e mais profundos no auto-conhecimento.
(*) Artur Alonso Novelhe, é poeta, escritor e Membro numerário da AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa)
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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10 comentários:
Caríssimo amigo,
estimei muito estas ideias... reparo que o último parágrafo é dedicado também a mim, cidadão anónimo. Dedicado ao microcosmos, quando todo o discurso enquadra o todo do macrocosmos lusófono.
Ora é nessa propocionalidade que podemos melhorar: uma busca interior aumentada em cada um: um direito à vida interior de cada um, que cada um pode criar na sua intimidade mental, Agostinho da Silva inspira-nos isso mesmo, sempre.
Dedicar e dignificar as boas emoções de que somos capazes, como herdeiros da atitude da R. Sta. Isabel: partilhar localmente os recursos materiais (limitados) no dia a dia, e fazer dos recursos psicológicos (infinitos, por sinal) o centro e motivo da nossa existência, em alegria.
Multipliquemos, localmente, em nós primeiro, e ao nosso redor esse espírito com fulgor de intenção iniciadora de uma onda transformadora, que alastra como fogo posto.
Cada um terá o seu metodo: eu uso a música e o yoga na minha intimidade, mas no meu dia a dia inspiro com palavras e comida outros a melhorarem a sua dieta e bem-estar. É um contributo, julgo. Mas agora, depois desta leitura sei que estou acompanhado, algures na Galiza, e noutros lugares...
Chegará o dia em que nos encontraremos para celebrar o que está para acontecer, de bom, quando mais e mais como nós derem o seu testemunho, em acto.
Aqui fica o meu voto.
Grato e muita saúde para si.
Como bom português não posso deixar de considerar este artigo como ofensivo. A Lusofonia não é um espaço onde possa caber a Galiza. Isto não é ser xenófobo ou racista. Este artigo tem implícita uma doutrina que não se coaduna com os valores que aprendi e apreendi em Portugal desde a mais tenra idade. Se é algo que nos querem impor... Então o problema é muito mais sério...
Não será a Lusofilia mais abrangente que a Lusofonia?
Que tal se alterarmos o conceito de Lusofonia que é restritivo aos falantes da língua portuguesa por Lusofilia, que é para além disso o desenvolvimento de uma forma de ser e de estar dos povos herdeiros da Lusitânia? Será assim tão necessária a restrição da língua?
Não seria melhor incluir descendentes lusos que não fazendo uso do português partilhem dos mesmos valores, dos nossos valores? Não será essa uma forma de os aproximar também de nós e com isso quem sabe virem a abraçar a língua dos seus avós?
Porque não, Eurico?
Caros, o problema que se coloca é o da coerência. A Galiza não fala Português. E os filhos dessa terra não se podem considerar lusófonos. Existe uma minoria é certo que o desejaria, mas esse punhado de homens é contra os próprios termos começados por Luso... Porque dizem que o nosso Norte é o Sul deles... Nada como dividir para reinar.
Pois eu garanto-lhe que há muitos galegos lusófonos, com quem há perfeito diálogo...
Aliás, digo-lhe mais: eu percebo melhor os galegos em geral do que, por exemplo, alguns açoreanos... E gosto muito dos Açores!
Espanha, como Nação, com a sua capital no centro da Península Ibérica, carrega ainda duas grandes feridas. Uma de elas é, a do separatismo Basco, que teima persistir ao longo dos séculos, e a outra é, a da incompreensão da emancipação do condado Portucalense.
Espanha quer ser grande, quer ser poderosa, quer tirar partido da configuração geográfica que a Península Ibérica lhe confere, para sua afirmação no Mundo global...
Para se entender a dinâmica destas feridas, temos de penetrar na génese da fundação de Portugal e perceber as razões de D. Afonso Henriques ao libertar-se da alçada de sua mãe. A missão espiritual, ou de Alma, como lhe quisermos chamar, que esteve na motivação de D. Afonso Henriques, terá sido o de permitir a evolução, do cunho de S. Tiago de Compostela, conferido às terras da Galiza. Este cunho que é de Santidade, é por sua natureza masculino, "Yang", e ainda de "terceira visão".
O modo como foi feita a expansão de Portugal uns séculos mais tarde, através dos diversos Continentes, demonstra que fomos o Povo que mais actuou "centrado com o coração". Evolui-se assim, em termos energéticos, de uma consciência de dinâmica masculina, harmónica bipolar, para uma de dinâmica centrada no Amor Universal, mas que integra a anterior dinâmica.
Esta teoria tem de ser consciencializada e comprovada na prática. Julgo que é esta a missão dos povos LUSOFONOS nos dias de hoje. Só depois de bem provado, se compreenderá, se aceitará, e Espanha resolverá o seu problema de separatismo.
Galiza em termos de subconsciente colectivo, está mais próxima de Portugal, do que de consciências colectivas mais próximas da Europa Central, onde impera uma consciência energética bipolar, alicerçada no planeamento, aparentemente de grande desenvolvimento e harmónica, mas que o deixa de ser, sempre que se afasta do Amor Universal.
Têm-se de consciencializar as diferenças, e só depois ir unindo....
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