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“Com o aparecimento do cristianismo decai a popularidade de Epicuro; a nova religião não podia deixar de lhe ser hostil; a ideia de deuses que se não interessam pelo mundo, a negativa da imortalidade da alma, um ascetismo que se não apresentava como um martírio do corpo, eram completamente incompatíveis com as doutrinas cristãs. Só no século XVI se assiste ao renascimento do epicurismo, embora haja notícia de discípulos de Epicuro durante toda a idade média: o interesse pela antiguidade e a reacção contra a vida medieval, no que ela tinha de desprendimento da terra e do culto exclusivista do espírito, fazem que certos escritores voltem ao estudo de Epicuro, timidamente a princípio, depois com mais segurança; há epicurismo em Montaigne, e Vanini, nos princípios do século XVII, é supliciado em virtude das suas ideias epicuristas; mais tarde Gassendi e Hobbes renovam Epicuro, e Spinoza sofre a sua influência, que se prolonga, por intermédio de quase todos os «enciclopedistas» franceses, até Bentham e Stuart Mill, já no século XIX.”[1].
[1] O pensamento de Epicuro, Lisboa, Edição do Autor, 1940, pp. 17-18.
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