A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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sábado, 11 de julho de 2009

TEXTO DE ADRIANO MOREIRA PARA A NA 4...

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EUROPA, A MATRIZ DO OCIDENTE (I)

Cinco séculos antes de Jesus Cristo, Heródoto escrevia que “quanto à Europa, não parece saber-se nem de onde vem o seu nome, nem quem lho deu”. Passados vinte séculos da era Cristã, quando, no fim da guerra de 1939-1945, se realizaram em Genève os famosos Colóquios que versaram sobre a identidade, o passado, e o futuro da Europa, a resposta mais profunda que guardo na memória foi a de um dos interlocutores que, perguntado sobre a identidade dela, respondeu – quando não me perguntam, sei.

Este profundo mas indizível conhecimento, inspira uma longa fileira de historiadores que lidam com o tema Europa, quer com a sua emergência – como Jacques Briard, Sigfried J. de Laet, Jean-Pierre Mohen, quer com a Europa da cristandade – como Robert Fossier e Roberto Lopez, quer alargando o tema ao Ocidente – como Johan Huizinga e Guttenberg, esta sendo uma perspectiva a impor-se nesta entrada do século XXI.

Mas também a Europa foi identificada pelo trajecto, quer de um projecto de expansão pelas armas que marca os séculos XVI a XX, quer pelo consequente exercício do domínio sobre aquilo que chamou o resto do mundo no exercício de um império euromundista esgotado pela guerra de 1939-1945.

E agora, quando as guerras civis, em que se envolveu periodicamente, a tornaram carente, pelo facto de ter perdido o poder político sobre as matérias-primas, as energias renováveis, e as reservas estratégicas alimentares, busca no passado inspiração para a organização pacífica do espaço que assume como próprio, plataforma do diálogo a estabelecer com o seu antigo resto do mundo.

São variadas essas inspirações, desde Luís de Camões que elaborou em Os Lusíadas o primeiro Manifesto Político do projecto europeu, e encontrou no Credo cristão o elo unificador da variedade étnica, linguística, e histórica dos diversos povos que se juntam na denominação comum de europeus, até Vítor Hugo quando, angustiado, grita (1876) que “Il faut à l’Europe une nationalité européenne”, doutrinando nestes termos – “Remplaçons les questions politiques par la question humaine”.

Este apelo à unidade, para garantir a paz interior da Europa frequentemente dilacerada pelos seus demónios interiores, ou para unir forças contra agressões externas, não foi sempre na razão que encontrou uma resposta: de 1815 a 1871, a Europa da Santa-Aliança e de Meeternich parecia herdeira de Luís XIV, depois de Napoleão ter falhado o projecto imperial com que, como explicou no Mémorial de Saint Hèlene, pretendeu unificar a Europa do seu entendimento.

Um entendimento bem diferente da rica teoria de projectista da paz, que teriam em Kant, com o Projecto de Paz Perpétua, o mais respeitado dos exorcistas dos demónios interiores que, designadamente nas Guerras de Religião e das tentativas hegemónicas dos Habsburg entre 1519 e 1660, ou na chamada segunda guerra dos cem anos que, entre 1689 e 1815, se desenrolou entre a Inglaterra e a França, e finalmente nas guerras civis de efeitos colaterais mundiais, entre 1914-1918 e 1939-1945, destruíram a proeminência política euromundista, e conduziram a temática à Europa-Região com que hoje esta se defronta, nesta conjuntura de ordem mundial anárquica.

São numerosos os que doutrinaram as referências fundamentais de um modelo europeu para a transição entre o século XX e o século XXI, mas destacaria apenas dois para os fins desta exposição. Em primeiro lugar o tantas vezes omitido Coudenhove-Kalergi (Post-War European Federation, Nova York, 1943), para o qual, segundo o Manifesto de 1924, “a questão europeia é esta: será possível que, na pequena quase-ilha europeia, vinte e cinco Estados vivam lado a lado na anarquia internacional, sem que um tal estado de coisas conduza à mais terrível catástrofe política, económica e cultural?”; depois, Robert Schumann, um experiente da fronteira interna conflituosa que o submetera pessoalmente à soberania alemã, tal como De Gasperi fora o mais jovem deputado austro-hungaro, assim como Konrad Adenauer vivera a perigosidade do Reno, e que no discurso de 9 de Maio de 1960 encontrou no Mercado Comum o antídoto destinado a retirar à Alemanha o arsenal do Ruhr.

Avançando para o problema da fronteira da Europa, talvez possamos ver, nesta primeira fronteira nuclear de Schumann uma formulação de garantia e de resposta para o projecto de Coudenhove-Kalergi. Mas o facto é que, sendo dispensável recordar todo o processo, a fixação da fronteira de segurança acabou por ser função do conflito militar e ideológico, com expressão na NATO – Pacto de VARSÓVIA, inaugurando uma política de metades: duas cidades de Berlim, duas Europas, e também duas Coreias, duas Indochinas.

Deste modo, a fronteira de segurança europeia ficou definida realisticamente pela NATO. Todavia, depois da queda do Muro de Berlim em 1989, a NATO foi sofrendo uma mudança gradual que teve a última avaliação na Declaration on Alliance Security emitida na reunião de Chefes de Estado e de Governo em Strasburg / Kehl, em 4 de Abril de 2009. Anunciaram o alargamento inspirado pela “Europe Whole and free”, abrindo francamente caminho à desterritorialização porque, assumem, os desafios e ameaças podem ter origem “at strategic distance or closes to home”. Com esta fronteira dos interesses submetida à incerta globalização das ameaças, a fronteira geográfica da Europa voltou a ganhar relevo e exigência de uma fronteira de segurança específica.

(...)

3 comentários:

Renato Epifânio disse...

As duas restantes partes serão publicadas durante o fim-de-semana...

José Pires F. disse...

Então vou esperar para ler seguido.

Abraço.

Ariana Lusitana disse...

Tenho lido, é um texto muito interessante mas é político, "diz coisas porque convém serem ditas". A geografia já só tem interesse na guerrilha, e a única fronteira militar são os homens, onde lutam há fronteiras. Fora disso a tecnologia venceu a geografia.