A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

De Ilídio Sardoeira: sobre Caeiro e Pascoaes...

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Quando pensa que as coisas não têm significação, quando entrevê a possibilidade, em arte, de apenas aflorar a realidade imediata das coisas é de posse do segredo e da chave de outra visão do mundo que se descobre. Só tem que esperar que o momento da poesia o situe neste horizonte para que se ouça como Alberto Caeiro – o poeta para quem não há nada que significar. Nada pensa nada.
As coisas existem, existindo. Ir além deste axioma só conduzirá a falsos pensamentos, a falsos valores. Pior que a tudo isso: à morbidez. O homem que pensa a realidade, se não é louco é doente dos nervos. Pensar é não compreender. O homem que Alberto Caeiro é mergulha e emerge a cada momento da realidade concreta, sem o propósito de lhe deslaçar a trama. Não é realista por isso. Cada objecto tem só a face com que nos olha. Não há mais nada além dela. Que mais havia de haver!
O poeta não tem que ser horizonte de verdade para ninguém nem de cantar a sua angústia como quem se cuida centro dum mistério que o transcenda. O homem é um produto da natureza e deve libar até à última gota o prazer que a vida lhe dá. A arte consiste em dizer isto. Melhor, a poesia é isto: uma criação pela palavra da parte de quem se esquecesse que a palavra é significação.
A palavra é condição de comunicação, mas deve-se usar em poesia como se estivesse sempre a mais ou como intrusa: como se estivesse indevidamente no lugar do objecto, da coisa concreta, do acontecimento que se recebe com todos os sentidos. A poesia ideal seria uma poesia de coisas, sem o pensamento do homem pelo lado de dentro a dar-lhe sentido.
A essencialidade significativa que Pascoaes afirma em certas palavras ou expressões é um logro para Caeiro, uma distorção do que a realidade realmente é.
Uma pedra que se levante no caminho de Pascoaes é um desafio, um corpo de angústia, exigindo ao pensamento e à acção de cada homem a sua própria significação. Todo o objecto interroga. Todo o objecto é uma interrogação que se ergue desde os alicerces da realidade. A essa interrogação, Pascoaes responde sempre com outras:
- E quem sou eu?
É a dialéctica paradoxal de dois seres que só têm um ponto em comum – a criatividade da origem – e em tudo o mais divergem.
Esta voz carregada de afectividade:
- Virias ter comigo, ó pedra, se me ouvisses!
e essa substância luzidia do cristal que é transparente à luz e devolve toda a palavra participam dum diálogo impossível e obsessivo para Alberto Caeiro. O poeta projecta o seu pensamento sobre o mundo e olha depois para as coisas como se elas o fitassem e o fizessem com os sentidos que só ao poeta pertencem.
Não tem uma visão do mundo: vê-se no mundo. Mais precisamente: revê-se.
(...)

Transcrição de Rui Lopo

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