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(...)
Escritores como Gil Vicente, Sá de Miranda, Andrade Caminha, Camões e outros escreveram em castelhano, quer por a corte ser constituída por bastantes castelhanos, quer com a finalidade de atingir mais leitores. Por testemunhos externos de seu filho Miguel Leite Ferreira e de Diogo Bernardes, sabemos que ele teria o propósito de nunca escrever "em língua alheia". Na sua obra podemos ver essa intenção explicitamente expressa, no nome que ele próprio deu aos seus textos, "Poemas Lusitanos", no facto de não ter deixado qualquer composição em língua estrangeira e nas suas afirmações sobre a língua portuguesa.
Na Carta a Pêro de Andrade Caminha, censura-o por ter escrito em castelhano, incita-o a enriquecer a língua portuguesa, dá os exemplos dos Gregos, Latinos, Castelhanos, Italianos e outros que escreveram na sua própria língua, aconselha-o a servir Portugal usando o português:
"Do que se antigamente mais prezaram
"Todos os que escreveram, foi honrar
"A própria língua, e nisso trabalharam.
"Cada um andava pola mais ornar
"Com cópia, com sentenças, e com arte,
"Com que pudesse doutras triunfar.
"(...)
"Porque o com que podias enobrecer
"Tua terra, e tua língua lho roubaste,
"Por ires outra língua enriquecer?
(...)
"E a boa tenção, e obra à pátria sirva,
"Dêmos a quem nos deu, e devemos mais.
"Floreça, fale, cante, ouça-se e viva
"A Portuguesa língua, e já onde for,
"Senhora vá de si soberba, e altiva." (...)
[Do prefácio, escrito por Silvério Augusto Benedito, à obra de António Ferreira, "POEMAS LUSITANOS" (selecção) e CASTRO (texto integral), edição Biblioteca ULISSEIA de autores portugueses, 2ª ed. 1998]
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1 comentário:
A Língua além de nos qualificar para o saber dignifica-nos.
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